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Campos Neto alerta para fiscal, mas vê “esforço grande” do governo

“Governo tem feito um esforço grande, eu tenho acompanhado e sei que é difícil cortar gastos”, disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto

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Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comparece a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal
1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comparece a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a alertar sobre a questão fiscal no Brasil, mas disse nesta segunda-feira (23/10) que o governo federal tem feito um “esforço grande” para aprovar medidas da agenda econômica no Congresso e racionalizar os gastos públicos.

Campos Neto participou de um evento promovido pela Bolsa de Valores do Brasil (B3) e o jornal O Estado de S. Paulo, na capital paulista.

“Temos várias medidas para serem aprovadas no Congresso. O governo tem feito um esforço grande, eu tenho acompanhado e sei que é difícil cortar gastos. Na prática, é sempre um pouquinho mais difícil porque grande parte do nosso Orçamento é engessado”, afirmou o chefe da autoridade monetária.

Segundo Campos Neto, as metas definidas no projeto do novo Marco Fiscal, aprovado pelo Congresso, devem ser cumpridas.

“É importante mantermos a meta e perseguirmos a meta. Ela já prevê penalidades caso não seja cumprida. Uma vez criado o Marco Fiscal, é importante segui-lo”, disse o presidente do BC.

Segundo o chefe da autoridade monetária, “o Brasil ainda tem um fiscal bastante mais frouxo do que o mundo emergente”. “Não é um tema nem deste nem do último governo. É pensar estruturalmente em como vamos atingir um patamar de dívida que seja confortável em termos de expectativas”, afirmou. “O principal problema que dificulta a melhora da economia está relacionado à questão fiscal.”

PIB e inflação

Durante sua participação no seminário promovido pela B3, Roberto Campos Neto ressaltou a desaceleração da inflação brasileira nos últimos meses, além das revisões para cima das estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

“O Brasil, depois desses ajustes recentes, tem três anos dentro no corredor da meta. Quase todo mundo está dentro ou perto da meta em 2024 e 2025”, disse o presidente do BC.

A meta de inflação para este ano é 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%. Para 2024, 2025 e 2026, a meta é de 3%.

O Conselho Monetário Nacional (CMN), que define as metas de inflação do país, é composto pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, além do próprio Campos Neto; o governo tem maioria no conselho, portanto.

“As metas de inflação no mundo estão entre 2% e 3%. O Brasil não tem nada muito diferente disso. Voltamos a dizer que foi importante ter mantido a meta em 3%”, completou Campos Neto.

Em relação ao PIB, o chefe do BC lembrou que “o Brasil teve a maior revisão de crescimento pelo FMI (Fundo Monetário Internacional)”. “Já é o terceiro ou quarto ano que a gente tem errado bastante o ritmo de crescimento no Brasil”, afirmou.

EUA, China e cenário internacional

Em sua apresentação no evento da B3, o presidente do BC também falou sobre o cenário internacional e reiterou sua preocupação com a situação nos Estados Unidos e na China.

“Está ficando mais clara uma interpretação menos benigna e mais estrutural. Sendo estrutural, existe a pergunta: em quanto tempo os juros americanos seguirão mais altos?”, indagou Campos Neto.

“O grande problema é entender que há uma conta que talvez não esteja sendo feita de forma tão precisa, que é o efeito que isso gera em liquidez. Se demorar muito para caírem os juros, o impacto de liquidez é crescente no tempo”, afirmou.

Campos Neto observou, com certa perplexidade, que “os EUA tiveram a pior performance de risco país do ano, com exceção de Israel, por uma razão óbvia (a guerra Oriente Médio)”.

Com a economia resiliente e o mercado de trabalho aquecido, especialistas temem um novo aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), que deve voltar a subir os juros.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária do Fed, a taxa de juros foi mantida no patamar de 5,25% a 5,5% ao ano – a maior em 22 anos. Nas últimas 13 reuniões do Fomc, houve elevação dos juros em 11 e manutenção da taxa em duas.

Durante sua participação no seminário da B3, Campos Neto também falou sobre a China.

Segundo ele, o mercado vem acompanhando com atenção os indicadores econômicos vindos de Pequim, especialmente os números relativos ao mercado imobiliário do país, que enfrenta grave crise. “Os números da China parecem ter se estabilizado em torno de 4,5% (de crescimento do PIB)”, disse Campos Neto.

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