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Campos Neto: 2023 foi “bem melhor que o esperado” na economia

Roberto Campos Neto, presidente do BC, diz que, em princípio, ritmo do corte de juros deve ser mantido, mas fala em “incerteza” fiscal

atualizado

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (5/12) que os indicadores econômicos do país fecharão 2023 bem acima do esperado pelo mercado no início do ano.

As declarações do chefe da autoridade monetária foram dadas durante um almoço promovido pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), em Brasília.

Mais cedo, como noticiado pelo Metrópoles, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre de 2023 – alta de 0,1%, acima das estimativas dos analistas.

“O ano de 2023 foi bem melhor do que o esperado. Tínhamos projeções de crescimento de 0,5% e eu tive de escutar várias vezes ao longo do ano que o crédito iria colapsar, que os juros iriam fazer as empresas quebrarem e o desemprego iria subir. Não aconteceu nada disso”, afirmou Campos Neto. “O crédito subiu, está saudável, e o crescimento está acima de 2,5%.”

“Dever de casa” no fiscal

Segundo o presidente do BC, é importante que o governo brasileiro faça “o dever de casa” na área fiscal, para que os indicadores da economia do país mantenham uma trajetória sólida e positiva.

“A gente precisa trabalhar em conjunto para que melhorem as expectativas para frente. É importante fazer o dever de casa, passar uma mensagem de consolidação fiscal, de que estamos trabalhando juntos o fiscal e monetário”, disse. “Foi um ano melhor que o esperado. É preciso um recado de que o fiscal está em equilíbrio.”

Taxa de juros

Mais cedo, ao comentar o resultado do PIB no terceiro trimestre, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu que a autoridade monetária continue “fazendo o seu trabalho”, em referência à queda da taxa básica de juros (Selic).

“Nós tivemos um PIB positivo, mas fraco. Com os cortes nas taxas de juros, nós esperamos que neste ano fechemos o PIB em mais de 3% de crescimento. Também esperamos um crescimento na faixa de 2,5% no ano que vem. Mas o Banco Central precisa fazer o trabalho dele”, disse Haddad.

Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano, depois de três cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual feitos pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC desde agosto. A taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.

Segundo Campos Neto, a desaceleração da inflação nos últimos meses oferece condições para que o Copom mantenha o ritmo de corte da Selic, mas a pressão inflacionária segue sob atenção.

“A gente tem, de fato, uma inflação que está convergindo para o que o Banco Central esperava. Nesse último número, a inflação cheia veio um pouquinho acima, mas o qualitativo da inflação tem sido benigno. Então, a gente entende que, por ora, consegue seguir com esse espaço. O problema não é nem tanto o espaço, mas a incerteza”, disse Campos Neto.

“O Brasil tem uma convergência de inflação hoje que é melhor do que grande parte dos países, inclusive nossa inflação de serviços ficou abaixo da dos Estados Unidos pela primeira vez em muitos anos, o que abre espaço para o BC baixar os juros e continuar perseguindo essa convergência. A gente entende que o processo de desinflação não está ganho, mas está se encaminhando conforme o esperado”, concluiu o presidente do BC.

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