BTG e Santander são os bancos mais expostos à dívida da Americanas
Segundo levantamento feito pelo banco UBS, a dívida da Americanas representa 8% do patrimônio do BTG. Já o Santander tem exposição de 4%
atualizado
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A guerra jurídica entre a Americanas e os bancos, seus principais credores, tem um motivo financeiro muito forte e, por isso, essas instituições financeiras decidiram tomar uma posição ofensiva para tentar se proteger das perdas decorrentes do não-pagamento de dívidas.
Ao todo, a Americanas deve cerca de R$ 20 bilhões aos principais bancos. Um levantamento do banco UBS revela o nível de exposição de cada um à dívida da varejista – e mostra por que algumas dessas instituições financeiras estão espumando.
O banco BTG Pactual é o mais exposto. A dívida de R$ 3,7 bilhões representa cerca de 8% do patrimônio total da instituição, segundo o UBS. Segundo os analistas que assinam o relatório, é possível que o BTG lance a baixa contábil da dívida com a varejista já no resultado financeiro do último trimestre de 2022, a ser divulgado nas próximas semanas.
Colocando em outra perspectiva: se tiver que lançar parte desses R$ 3,7 bilhões a “fundo perdido” no balanço, o lucro trimestral do BTG cairá pela metade. Esses cálculos são da equipe de análise da corretora XP.
O Santander poderia ver “desaparecer” 25% do seu lucro do último trimestre de 2022, caso tenha que fazer provisão parecida. O nível de exposição do banco espanhol à dívida da Americanas é de 4% do seu valor patrimonial.
Briga na Justiça
Tanto o BTG quanto o Santander decidiram fazer uso de táticas judiciais duras para encurralar a Americanas e os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, cuja participação na varejista é de 31% das ações.
Os defensores do BTG alegaram, por exemplo, que o caso é “a maior fraude corporativa de que se tem notícia na história do país” e insinuaram que os acionistas de referência (Lemann, Sicupira e Telles, o trio do 3G) estavam cientes da manipulação no balanço.
“O caso em questão é a triste epítome de um país. Os três homens mais ricos do Brasil, ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial ‘do bem’, são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio”, diz um trecho do pedido de liminar do BTG.
Não bastasse sugerir que três dos homens mais ricos do país foram pegos “com a mão no caixa” da Americanas, o documento ainda defendeu que o trio “construiu seu império em bases que não são tão sólidas quanto parecem”.
Já o Santander pediu à Justiça para ter acesso a documentos que possam comprovar eventuais condutas irregularidades de diretores, presidente e até dos acionistas de referência. Dentre as informações requeridas pelo Santander, está a troca de mensagens entre executivos da Americanas e os sócios de peso.
“(O pedido inclui) todas as correspondências, incluindo e-mails, cartas e/ou mensagens de WhatsApp, Telegram ou qualquer rede social, que os seus executivos e demais empregados da companhia tenham recebido ou trocado com os acionistas controladores nos últimos dez anos, a respeito das chamadas operações de risco sacado (os financiamentos para pagar fornecedores) e quaisquer outras relacionadas às ‘inconsistências contábeis’”, pediram os advogados representantes do Santander.