Brasil sonha com liderança na exportação de algodão em 2023

O Brasil não conquistou a Copa do Mundo de futebol em 2022, mas pode surpreender em outra área no ano que vem e se tornar campeão mundial em exportação de algodão. Pelo menos é o que projeta a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que vê boas perspectivas para o país nesse segmento.

Na safra 2021/2022, o Brasil alcançou a vice-liderança global na exportação de algodão, atrás apenas dos Estados Unidos.

A China foi o principal destino das exportações brasileiras (455 mil toneladas), o que correspondeu a 27% das vendas. Na sequência, aparecem Vietnã (275 mil toneladas), Turquia (227 mil) e Bangladesh (206 mil).

Com a expectativa de aumento da área plantada, enquanto a pluma dos Estados Unidos deve enfrentar uma competição local acirrada com outros cultivos mais rentáveis, é real a possibilidade de o Brasil passar à frente dos americanos já no ano que vem.

De acordo com estimativas do setor, a liderança brasileira nas exportações de algodão pode se tornar realidade se os EUA reduzirem cerca de 30% do plantio – para dar lugar a novas lavouras de milho, soja ou trigo. Trata-se de um número difícil de ser alcançado, mas não é um cenário completamente descartado pelos especialistas.

“Em um curto período de tempo, seremos os maiores exportadores do mundo. E em um espaço de tempo um pouco maior, seremos também os maiores produtores. Talvez sejamos os maiores exportadores já no ano que vem”, afirmou o ex-presidente da Abrapa Júlio Cézar Busato à Reuters. Ele está deixando o cargo, que será ocupado por Alexandre Pedro Schenkel em 2023 e 2024.

Projeções

Segundo estimativas da Abrapa, o Brasil deve produzir 2,95 milhões de toneladas de algodão em pluma na safra 2022/23, que está sendo plantada.

Se esse número se confirmar, a colheita será 18% maior do que a do último ciclo.

Ainda de acordo com a Abrapa, as lavouras de algodão devem crescer 1,3% na temporada atual, na comparação com a anterior, para 1,658 milhão de hectares.

Até o fim de novembro, os estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia haviam iniciado o plantio da fibra.

A primeira safra da pluma começa a ser semeada em novembro. A segunda safra, em janeiro. A maior parte da pluma brasileira é de segunda safra, plantada após a colheita de soja, no início de 2023.

Nas exportações, o Brasil pretende aumentar os embarques em mais de 22%, segundo a Abrapa.