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Brasil cai para 62º lugar em ranking de competitividade com 67 países

Em 2024, país perdeu duas posições em lista global preparada pelo IMD, ao piorar em itens como eficiência governamental e infraestrutura

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1 de 1 Homem trabalhando na indústria CNI - Metrópoles - Foto: Getty Images

O Brasil perdeu duas posições e ficou em 62º lugar – a  posição mais baixa dos últimos anos – no ranking de competitividade global de 2024, produzido pelo Instituto Internacional de Desenvolvimento Gerencial (IMD, na sigla em inglês). O estudo faz uma avaliação de 67 países. Ou seja, a economia brasileira, nesse quesito, está a apenas cinco posições de distância do último colocado – no caso, a Venezuela (veja lista abaixo).

De acordo com a análise do IMD, o Brasil piorou em itens como eficiência governamental e infraestrutura, em relação ao ano passado, quando ficou na 60ª posição da lista geral. O país ficou estável em tópicos como eficiência empresarial (61º) e teve sua melhor posição (38º) em performance econômica. “O resultado deste último indicador pode ser explicado pelo crescimento da oferta de empregos e pela queda da inflação”, diz o relatório.

Foram destaques positivos da avaliação brasileira temas como subsídios governamentais (4º), crescimento de longo prazo de emprego (5º), crescimento do PIB real per capita (5º), fluxo de investimento direto estrangeiro (5º) e energias renováveis (5º). Entretanto, educação em gestão (67°), habilidades linguísticas (67°), dívida corporativa (67°), habilidades financeiras (66°), educação básica e secundária (66°) e educação universitária (66°) estão entre os piores resultados do país.

“A competitividade de uma economia não se resume ao PIB e à produtividade, visto que as empresas também têm que lidar com aspectos políticos, sociais e culturais”, diz Hugo Tadeu, professor, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC) e líder da pesquisa no Brasil. “Nesse sentido, os governos devem fornecer um ambiente favorável ao desenvolvimento e crescimento de negócios, com infraestruturas, instituições e políticas adequadas e eficientes que incentivem as empresas.”

Em 2020, o Brasil alcançou sua melhor posição do ranking do IMD, considerados os últimos cinco anos, ocupando o 56º lugar da lista. A partir daí, só caiu, passando para as posições de número 57, 59, 60 e, finalmente, 62 neste ano.

Singapura na liderança

No ranking geral, Singapura ficou em primeiro lugar, ao subir três posições em relação a 2023, desbancando a Suíça (2º), a Dinamarca (3º) e a Irlanda (4º), que ocupavam a 3ª, 1ª e 2ª posições, respectivamente, no anuário do ano passado. 

Todos esses países têm economias pequenas, mas conseguiram tais resultados por causa de uma boa estrutura institucional e do bom uso de acesso a mercados e a parceiros comerciais. Singapura tornou-se um centro internacional na Ásia devido à infraestrutura tecnológica avançada, instituições sólidas e um mercado atrativo, com empregos, inovação e oportunidades. 

Força europeia

Além disso, pode-se observar uma grande presença do continente europeu nas dez primeiras colocações. A Suíça ocupa a primeira posição em eficiência governamental, com instituições robustas, funcionais e estáveis, que garantem uma gestão responsável e eficaz, criando um ambiente de negócios confiável e seguro.

O país também é líder em infraestrutura, sendo conhecido por ter uma malha ferroviária bem desenvolvida por meio da sua política de transporte para aumentar sua atratividade para negócios e uma mobilidade sustentável. Outro destaque da Europa é a Dinamarca, primeiro lugar em eficiência empresarial por ser um ambiente seguro e com alta flexibilidade para negócios, em que a abertura para novos empreendimentos é rápida e com custos baixos, além de permitir acesso não somente ao mercado dinamarquês, como para toda a Europa.

Oriente Médio

De acordo com a análise do IMD/FDC, é importante ressaltar a presença dos Emirados Árabes Unidos em 7° lugar, sendo o único país do Oriente Médio entre os primeiros colocados. O país alcançou o 2° lugar em performance econômica, impulsionada pela abertura a negócios e investimentos estrangeiros por meio da criação de zonas econômicas com baixa regulamentação e carga tributária, com o objetivo de diversificar sua economia, mesmo sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Além disso, ficou em 4° em eficiência governamental devido à simplificação e digitalização de processos governamentais administrativos.

Latinos e africanos no fim da lista

Já os dez piores classificados são majoritariamente países da América Latina e África, incluindo o Brasil, com alguns da Ásia e do Leste Europeu. A África do Sul, atual membro do BRICS, ficou na 60ª colocação, obtendo sua melhor posição em eficiência empresarial (48º). O país possui uma economia que está em rápido crescimento com possibilidades em inúmeros segmentos, além de ser uma porta de entrada para mercados da África Subsaariana.

Apesar disso, a África do Sul teve uma média de crescimento do PIB de apenas 0,8% desde 2012, sendo insuficiente para enfrentar os altos níveis de pobreza e desemprego, evidenciado pelo 61º lugar em performance econômica. Na América Latina, a Argentina obteve a penúltima posição no ranking (66º), puxada principalmente por eficiência governamental (67º) e eficiência empresarial (66º), ressaltando a necessidade de reformas econômicas e governamentais.

Em 2024, o ranking mundial, que começou em 1989 e está na 36ª edição, passou a avaliar 67 países, incluindo a Nigéria, Gana e Porto Rico. Como o anuário analisa e compara os esforços de competitividade entre os países, ele é uma fonte relevante de orientação para governos e empresas identificarem áreas estratégicas para concentrar seus recursos e implementar melhores práticas visando aprimorar a posição competitiva.

Os dez países mais competitivos

  1. Singapura
  2. Suíça
  3. Dinamarca
  4. Irlanda
  5. Hong Kong
  6. Suécia
  7. Emirados Árabes Unidos
  8. Taiwan
  9. Holanda
  10. Noruega

Os dez países menos competitivos

  1. Bulgária
  2. Eslováquia
  3. África do Sul
  4. Mongólia
  5. Brasil 
  6. Peru
  7. Nigéria
  8. Gana
  9. Argentina
  10. Venezuela

Fonte: IMD/FDC

 

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