Bradesco: “Talvez tenhamos concedido mais crédito do que deveríamos”
Presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, comentou os resultados do banco no quarto trimestre, que frustraram o mercado
atualizado
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O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, reconheceu nesta sexta-feira (10/2), ao comentar os resultados do banco no quarto trimestre do ano passado, que a instituição talvez tenha concedido “mais crédito” do que deveria.
O banco fechou o último trimestre de 2022 com um lucro líquido recorrente de R$ 1,595 bilhão, segundo balanço divulgado na noite de quinta-feira (9/2). O resultado, que veio bem abaixo das estimativas do mercado, corresponde a uma queda de 75,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
“Chegamos na pandemia com uma taxa de juros que não condizia com o país. Em função disso, talvez tenhamos concedido mais crédito do que deveríamos”, afirmou Lazari Júnior, durante entrevista coletiva.
Segundo dados da plataforma TradeMap, foi o segundo pior resultado semestral da história do Bradesco. Só não foi pior que o lucro de R$ 219 milhões do terceiro trimestre de 2006.
“Provisionamos integralmente a exposição de um cliente de atacado (referindo-se ao rombo contábil da Americanas). Provisionamos, no quarto trimestre de 2022, por governança, embora o evento tenha sido posterior”, completou o executivo.
“A lição aprendida é que, nesses momentos, que ninguém nunca viveu (como a pandemia), a gente deve estar sempre um ponto antes da curva. Isso para que a gente não observe esse recrudescimento de provisões que foi visto em 2022 e que deve seguir no primeiro trimestre de 2023”, prosseguiu Lazari.
Em relação à Americanas, o Bradesco informou, em seu balanço, que fez 100% de provisionamento relacionado a um caso envolvendo “um cliente large corporate específico”, ocorrido no início de 2023. O valor do provisionamento foi de R$ 4,9 bilhões.
O provisionamento consiste em garantir uma reserva de dinheiro para que gastos previstos sejam honrados no futuro.
Riscos e inadimplência
Segundo Lazari, o Bradesco já reduziu de forma significativa a tomada de riscos no segmentos de pequenas e médias empresas – um dos mais afetados pelo aumento da inadimplência no ano passado. O mesmo tem sido feito no setor de cartões.
“Em PMEs, já reduzimos sensivelmente o apetite a risco. O crescimento anual em cartões é forte, mas já mostra uma desaceleração”, salientou.
Como o Metrópoles noticiou mais cedo, as ações do Bradesco estão despencando na Bolsa de Valores.