Bradesco quer que e-mails da Americanas sejam coletados na Microsoft
Pedido foi feito à Justiça paulista para evitar que varejista deixe de apresentar os documentos digitais
atualizado
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O Bradesco solicitou à Justiça nesta segunda-feira (6/2) que a busca e apreensão dos e-mails da cúpula da Americanas seja feita nos servidores da Microsoft, cuja sede fica em São Paulo. O pedido, ajuizado pelo escritório Warde Advogados, é uma forma de evitar que a coleta dos documentos digitais seja protelada pela varejista.
No dia 26 de janeiro, a juíza Andréa Galhardo Palma, da 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), havia autorizado a busca e apreensão dos e-mails trocados nos últimos dez anos por diretores e integrantes do conselho de administração da Americanas.
No dia 2 de fevereiro, contudo, o juiz Alexandre de Carvalho Mesquita, da 2ª Vara Empresarial, do Rio, afirmou que a Justiça paulista não tinha competência para determinar tal busca e apreensão em outra região. Isso porque o processo de recuperação judicial da Americanas, que acusou um rombo contábil estimado em R$ 20 bilhões, corre no Rio, local da sede da empresa.
Na peça apresentada nesta segunda-feira, no entanto, os advogados do Bradesco argumentam que a resistência da Americanas na apresentação dos documentos “só faz evidenciar ainda mais a necessidade de cumprimento imediato da determinação”. Isso porque “fica cada vez mais nítido que a atual administração da companhia ainda se esforça, com bastante empenho, em obstaculizar a obtenção das provas da fraude e em acobertar os responsáveis pelos prováveis ilícitos praticados na companhia”.
Nesse sentido, alega o pedido do Bradesco, embora a sede estatutária da Americanas fique no Rio de Janeiro, “onde parte dos elementos que serão analisados nesta produção antecipada de provas deverá ser coletada”, é fato que os e-mails institucionais da companhia “ficam armazenados também nos servidores de nuvem cuja manutenção, em tese, cumpre à Microsoft do Brasil”, com sede em São Paulo.
Multa de R$ 5 milhões
Por fim, o banco requer ainda que a Americanas viabilize, no prazo de 72 horas, o ingresso da Kroll, empresa encarregada da perícia, nas suas dependências. Isso para que todos os documentos solicitados pelo perito sejam devidamente extraídos para a realização da análise, “sob pena de aplicação de multa diária de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) por dia” em caso de descumprimento.
As dívidas da Americanas foram estimadas em R$ 47,9 bilhões. Ao Bradesco, a varejista deve cerca de R$ 4,7 bilhões. Para o banco, o pedido de busca e apreensão dos e-mails é uma forma de estabelecer os responsáveis pelo rombo contábil da empresa. Tem ainda como objetivo analisar o eventual envolvimento no episódio do trio de acionistas de referência da companhia, formado pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.