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Bolsa tomba 3% com primeiras medidas de Lula e Haddad

Prorrogação da desoneração de combustíveis e retirada da Petrobras de programa de desestatização levaram desconfiança ao mercado financeiro

atualizado

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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
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1 de 1 Bolsa de Valores, Investimento, grafico, dinheiro, PIB, queda - Foto: Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O primeiro pregão de 2023 foi traumático para a Bolsa de Valores brasileira, e o “cartão de visitas” do novo governo foi apresentado – e não agradou. Na esteira do anúncio das primeiras medidas da nova gestão na economia, o Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na B3, fechou esta segunda-feira (2/1) despencando 3,06%, aos 106.376,02 pontos.

Na cotação mínima do dia, o Ibovespa baixou para 105,9 mil pontos. Na máxima, foi aos 109,7 mil. O volume negociado na primeira sessão do ano ficou em R$ 15,5 bilhões.

O índice fechou o ano passado com alta acumulada de 4,68%, no patamar dos 109 mil pontos.

O que explica a queda do Ibovespa

O derretimento da Bolsa refletiu ainda o discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no domingo (1º/1), em Brasília, e a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para a presidência da Petrobras, na sexta-feira (30/12) – quando o mercado brasileiro esteve fechado.

Para agravar o quadro, nesta segunda, Lula publicou, no Diário Oficial da União, duas medidas que levaram preocupação ao mercado: a prorrogação da desoneração dos combustíveis por mais 60 dias – o que foi interpretado como a primeira derrota de Haddad à frente do ministério (ele defendia o fim da desoneração) – e a retirada da Petrobras do programa de desestatizações criado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Como se não bastasse tudo isso, também há forte preocupação em relação à possível mudança na política de preços da Petrobras, hoje vinculada à flutuação dos valores no mercado internacional. Indicado por Lula para assumir a estatal, o senador Jean Paul Prates confirmou que a política de preços será modificada.

Alinhado às teses de Lula e do PT em relação aos combustíveis, Prates é um crítico da política de preços da companhia. Segundo o senador, os preços dos combustíveis devem ser tratados como “uma questão de governo, e não apenas de uma empresa de mercado”.

O discurso de posse de Lula, inclusive, teve um recado direto aos acionistas da Petrobras e de outras estatais, com críticas ao governo Bolsonaro por sua postura em relação a essas empresas.

“Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos, entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a cupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas”, afirmou o presidente.

Além dos efeitos dessas declarações sobre a Bolsa e o dólar, que caiu 1,51% e encerrou o dia negociado a R$ 5,36, as ações da Petrobras e de outras empresas estatais também sofreram. Segundo dados preliminares, os papéis da companhia derreteram 6,45%, negociados a R$ 22,92.

Críticas ao teto de gastos também não ajudam

Ainda no discurso de posse, Lula voltou a criticar o teto de gastos, que classificou como “estupidez”, e falou no Estado como indutor do crescimento econômico. O presidente também defendeu uma nova legislação trabalhista e afirmou que, assim como ocorreu em seus governos anteriores, vai incentivar o consumo para alavancar a economia.

O próprio ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que idealizou o teto de gastos e o implementou no governo do ex-presidente Michel Temer (2016-2018), rebateu as declarações do petista.

Fernando Haddad, que fez o discurso de posse nesta segunda, tentou minimizar a fala de Lula e prometeu entregar ao Congresso Nacional, ainda no primeiro semestre deste ano, uma proposta de um novo arcabouço fiscal “que organize as contas públicas no longo prazo”.

“Que seja confiável e, principalmente, respeitado e cumprido. Se você se propõe a uma meta inalcançável, você não tem meta nenhuma. Se você não tem uma meta ambiciosa, você não motiva o país. É nesse equilíbrio que nós vamos exercer o nosso mandato”, afirmou o ministro. Mas o estrago já estava feito, e as declarações de Haddad também repercutiram mal junto aos investidores.

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