Bolsa fica no zero a zero, com alta de juros na Europa esfriando o dia

A Bolsa de Valores brasileira encerrou o dia praticamente estável, aos 103.659 pontos. O Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, começou o dia em alta, mas teve o desempenho freado pela piora no mercado externo, em razão da decisão de alta de juros na Europa.

Mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou pela quarta vez consecutiva sua taxa básica de juros, desta vez em 0,5 ponto percentual. O movimento foi seguido pelo Banco Central do Reino Unido, que elevou seus juros para o maior nível desde 2008, depois que a taxa de inflação atingiu 11,1%, em outubro, o maior patamar em 41 anos.

O aperto monetário nas economias desenvolvidas não se resume somente aos países europeus. Ontem, o Banco Central dos Estados Unidos (chamado de Federal Reserve) também aumentou a taxa básica de captação de recursos do mercado, e elevou a estimativa de “teto” para os juros para 5,1% em 2023. Se confirmada a decisão, a taxa alcançará o maior nível desde 2006.

A escalada nas taxas de juros no exterior é um balde de água fria para os mercados emergentes. Isso porque, com juros mais altos, o rendimento de títulos de dívida desses países passa a ser maior. Com retornos mais gordos e com a segurança de investir em países de moeda forte, o investidor tende a trocar o Brasil por outros destinos mais seguros.

Nesse contexto, o dólar encerrou o dia em alta de 0,6%, aos R$ 5,31.

Petrobras

Por outro lado, uma alta de 2% nas ações da Petrobras ajudaram a equilibrar a balança na Bolsa. O avanço desta quinta-feira não foi suficiente, contudo, para apagar as perdas de 10% da véspera.

Segundo a plataforma TradeMap, o tombo da quarta-feira representou uma perda de valor de mercado na ordem de R$ 30 bilhões para a petroleira. O valor de mercado é o cálculo da avaliação de preço total de uma empresa, considerando a cotação das ações disponíveis na Bolsa de Valores.

A debandada de investidores está ligada ao receio da indicação de um nome do bojo petista para o comando da Petrobras. Na terça-feira (13/12), o Congresso aprovou uma alteração na Lei das Estatais que reduz o período de “quarentena” a ser cumprido pelos políticos antes de assumirem um cargo em uma empresa pública de 36 meses (3 anos) para 30 dias.

Embora a emenda tenha sido pensada, a princípio, para permitir que Aloizio Mercadante assuma a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ela também abriria caminho para o futuro presidente Lula indicar um aliado para a Petrobras. Até agora, o principal candidato à vaga seria o senador Jean Paul Prates, outro nome que, em tese, poderia ser barrado pelo dispositivo agora extinto da Lei.