metropoles.com

Bolsa está barata, mas crise fiscal e dos bancos pode aprofundar queda

Analistas dizem que a Bolsa está em um patamar atrativo, mas ações podem cair mais se crise externa piorar e se arcabouço fiscal decepcionar

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
Dinheiro, Economia, Bolsa de Valores, Real, aumento, Baixa, money, gráficos, divida, pago, bancopoles
1 de 1 Dinheiro, Economia, Bolsa de Valores, Real, aumento, Baixa, money, gráficos, divida, pago, bancopoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

No fundo do poço, sempre pode haver uma escotilha. Essa parece ser a ilustração ideal para o momento atual da Bolsa de Valores brasileira (B3). Na semana passada, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado, recuou ao menor patamar desde julho de 2022.

Embora a Bolsa tenha recuperado parte do prejuízo nas últimas duas sessões, o índice segue abaixo dos 100 mil pontos, um termômetro importante para os ânimos dos investidores. As razões para o pessimismo recente foram o estouro da crise de bancos nos Estados Unidos e Europa e a demora na apresentação do arcabouço fiscal no Brasil.

Pela incerteza quanto ao desfecho da crise externa e quanto ao formato das novas regras orçamentárias, especialistas dizem que é cedo para afirmar que a Bolsa de Valores chegou ao fundo do poço.

“Os múltiplos mostram um preço bastante deprimido, em poucos momentos vimos a Bolsa tão barata. Por outro lado, as questões conjunturais, principalmente de juros e inflação, mostram que há espaço para o mercado cair mais”, diz João Daronco, analista da Suno.

Na frente dos juros, ao decidir manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, o Banco Central deixou a porta aberta para um aperto monetário, caso a inflação não ceda da maneira esperada.

A incerteza quanto ao rumo dos juros e da própria inflação criaram o que o mercado chama de desancoragem de expectativas – ou seja, não há perspectiva de controle do aumento de preços pela política monetária. Quando isso acontece, a inflação se retroalimenta. É justamente isso que o Banco Central quer evitar, ao fazer comunicados mais duros.

Risco fiscal

Ciclos de aperto monetário, como o atual, deprimem a Bolsa por duas razões: o aumento do custo do crédito para as empresas listadas no mercado, o que reduz o lucro distribuído aos investidores, e o incentivo para a migração de recursos das ações para aplicações de renda fixa (cujo rendimento geralmente é atrelado à Selic).

A pá de cal sobre o Ibovespa foi o adiamento do anúncio do arcabouço fiscal. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, havia prometido entregar as novas regras orçamentárias até meados de março. O presidente Lula, no entanto, colocou o plano em fogo médio, dizendo que seria necessário discutir mais, antes de anunciar o novo projeto.

Para Fernando Siqueira, chefe da área de research (análise) da corretora Guide, o plano anunciado pelo governo possivelmente estará distante do ideal – e das expectativas dos investidores.

“Não será ‘uma Brastemp’, mas o assunto está encaminhado, pelo menos. Vale lembrar que, com o fim do teto de gastos, não há nada sustentando o fiscal. O anúncio de uma nova regra reduz a incerteza e traz mais conforto para a política monetária do Banco Central”, pondera Siqueira.

Uma volatilidade de curto prazo não está totalmente descartada. A depender de quão decepcionante for o arcabouço fiscal, a Bolsa pode devolver a ligeira recuperação dos últimos dois pregões e voltar para o menor nível em meses.

Crise no exterior

Para o economista da Guide, a profundidade da crise no sistema financeiro é um ponto de maior risco. Nos últimos dias, os resgates ao Credit Suisse e ao Silicon Valley Bank (SVB) foram interpretados como sinais de que a sangria foi estancada pelas autoridades monetárias.

Por outro lado, a voltatilidade nas ações e nos prêmios de risco na Europa e nos Estados Unidos revelam que o mercado não está convicto de que o pior já passou.

“Tudo indica que a bolha está desinflando e que não vai estourar de uma vez. Mas essa é uma situação que monitoramos diariamente”, afirma Siqueira, da Guide.

A crise no exterior já causou impactos sobre o preço de commodities, como o petróleo e o minério de ferro. A perspectiva é que a quebra dos bancos possa esfriar ainda mais a atividade econômica global, o que reduz a demanda por produtos básicos.

Para a Bolsa brasileira, cujo peso maior é justamente da Vale e Petrobras, esse é mais um risco de queda no curto prazo. Por outro lado, lembra o chefe de análise da corretora, a desaceleração das commodities pode prover um alívio para os preços de produtos como os combustíveis, no Brasil.

Sendo assim, o efeito positivo sobre os juros pode equilibrar a equação na Bolsa e criar condições mais favoráveis para o mercado crescer, no médio prazo.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?