Bolsa despenca 2% após Haddad e Galípolo criticarem política do BC
A Bolsa recuou 2% nesta terça-feira (03/01), após integrantes da Fazenda fazerem uma crítica indireta à política de juros do Banco Central
atualizado
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O Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou a sessão de hoje (3/1) em queda de 2,08%, aos 104.165 pontos.
Nos dois pregões de 2023 até aqui, a Bolsa acumula perdas de 5%. O mercado reagiu mal às primeiras decisões tomadas por Luiz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, e às falas de Fernando Haddad e Gabriel Galípolo nesta terça-feira.
De manhã, o ministro da Fazenda criticou, em entrevistas, a situação dos juros e inflação no Brasil. Nas palavras de Haddad, a situação atual é “completamente anômala”.
“O Brasil está com taxa de inflação menor do que os Estados Unidos e a Europa, só que estamos com a maior taxa de juro real do planeta. Olha o paradoxo que estamos vivendo, uma situação completamente anômala, uma inflação comparativamente baixa e uma taxa de juro real fora de propósito para uma economia que já vem desacelerando”, disse o chefe da Fazenda.
Embora tenha dito que as conversas com o Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, estejam acontecendo de forma harmônica, Haddad sinalizou que o novo governo pode colocar a política monetária na mira de críticas.
A percepção foi evidenciada quando, no meio da tarde, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, corroborou as críticas do seu chefe. Em entrevista ao canal Globonews, o número 2 do time econômico reforçou a necessidade de um novo arcabouço fiscal e de políticas que reduzam o déficit estimado em R$ 220 bilhões de 2023.
“A taxa de juros no Brasil saiu, em um passo curto, de 2% para 13,75%. Ao mesmo tempo, aprovou-se um programa de estímulo fiscal para transferir recursos para as pessoas. Esse antagonismo entre a política monetária e a política fiscal é observado em vários momentos de nossa história recente e dificulta muito a atuação da política econômica”, afirmou Galípolo.
As críticas, ainda que veladas, soaram mal aos investidores, principalmente considerando que a nova equipe econômica não apresentou proposta para a regra fiscal que deve substituir o teto de gastos.
Dólar
O dólar fechou em alta de 1,72% nesta terça-feira (3/1) e terminou o dia cotado a R$ 5,452. Trata-se da maior cotação de fechamento da moeda americana desde o dia 22 de julho do ano passado, quando encerrou a sessão a R$ 5,4977.
Com o resultado, o dólar já acumula uma alta de 3,3% em 2022. Na véspera, a moeda fechou em alta de 1,51%, cotada a R$ 5,360 na venda.