Bolsa de Valores cai 7,5% em fevereiro, o pior mês desde junho de 2022
Mês na Bolsa foi marcado pela briga entre Lula e o Banco Central, pelo agravamento da crise Americanas e pelo cenário de juros nos EUA
atualizado
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O mercado teve, em fevereiro, seu pior mês desde junho do ano passado. A Bolsa de Valores encerrou o período com queda de 7,5%, o pior resultado desde meados de 2022, quando o índice de ações recuou 11%.
O primeiro fator que infleunciou a derrocada do mercado de ações foi os ataques públicos do presidente Lula ao Banco Central e ao chefe da autoridade monetária Roberto Campos Neto.
Embora o presidente tenha abaixado o tom na última semana de fevereiro, o discurso combativo de Lula ao desempenho de Campos Neto plantou no mercado a percepção de que o novo governo será tolerante com a inflação. Chegou-se a cogitar, por exemplo, um aumento da régua da meta de inflação, o que poderia antecipar o movimento de queda de juros, como deseja Lula.
As projeções de uma inflação mais elevada caíram como bomba para empresas da Bolsa relacionadas ao setor de consumo. No mês, os piores desempenhos do Ibovespa ficaram com a empresa de viagens CVC e com a companhia aérea Azul, que perderam cerca de 40% do seu valor de mercado em fevereiro.
Outro termômetro que mostra como fevereiro será um mês a ser esquecido pelos investidores é o saldo do Ibovespa. Das 90 ações listadas, apenas 14 mantiveram algum ganho no mês. Ainda assim, as altas foram mais modestas do que as quedas: a melhor empresa do mês foi a Natura, que subiu 12%, em razão das negociações de venda da Aesop, uma das marcas sob seu leque.
O agravamento da crise da Americanas também foi um peso para a Bolsa. Varejistas como o Magazine Luiza e a Via (dona das marcas Casas Bahia e Ponto) recuaram até 20%, na esteira da crise de crédito da concorrente.
Na reta final de fevereiro, o setor de petróleo tomou uma rasteira dos investidores. O anúncio de hoje (28/2) de que o governo pode impor um tributo de 9% para a exportação de petróleo derrubou as ações do segmento na Bolsa. A PetroRio e a 3R Petróleo acumularam perdas de 20% no mês, em razão do impacto negativo do imposto sobre suas vendas para o exterior.
Cenário global
Por fim, os ventos do exterior não foram favoráveis ao mercado brasileiro. Nos Estados Unidos, dados mais fortes da atividade econômica indicam que a inflação está distante de ser derrotada. Os índices de preços do país seguem perto dos 6%, frente a uma meta inflacionária de 2%.
“Em resposta ao cenário, o Fed tem mantido o discurso de que deve fazer mais altas de juros e que ainda não tem a inflação sobre controle”, escreveu a gestora Rio Bravo em uma análise de cenário.
Juros mais altos na maior economia do mundo são um freio para o crescimento do PIB, para o investimento em ativos da Bolsa e para o câmbio. Em fevereiro, o dólar acumulou alta de 3%, a maior valorização mensal desde setembro do ano passado.