Bolsa cai 1,8% com possível mudança na meta de inflação; dólar dispara
Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, estuda ajustar meta de inflação de 3,25% para 3,5% em 2023
atualizado
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O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, recuou 1,8%, aos 108.008 pontos. A queda de hoje reverteu parcialmente os ganhos de quase 2% do pregão de ontem (8/2). A Bolsa chegou a operar em alta pela manhã, mas a notícia de que a meta inflacionária pode sofrer uma mudança gerou desconfiança entre os investidores.
Segundo fontes do governo, o presidente do Banco Central indicou que vai propor meta de inflação de 3,5% para este ano. Hoje, a meta estabelecida para 2023 é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A informação é do colunista do Metrópoles, Igor Gadelha.
Uma meta de inflação mais “frouxa” seria um sinal verde para o Banco Central começar a cortar os juros, como é desejo do presidente Lula. A Selic em 13,75% é um entrave para o crescimento da economia, mas é o único freio para uma inflação que alcançou os dois dígitos no fim de 2021.
A médio prazo, a nova meta deve causar um repique inflacionário, o que obrigaria o BC a voltar a subir os juros. A curva de juros futuros traduz essas perspectivas. As taxas de contratos de curto prazo caíram, pois os investidores acreditam que Lula pode vencer a briga e levar o Copom a começar a cortar a Selic antes do esperado.
No médio prazo, a figura é diferente. Os investidores passaram a acreditar em uma alta da Selic já em 2025, penúltimo ano do governo Lula. A expectativa é que, no horizonte médio, os juros voltarão ao patamar atual.
Das 90 ações do Ibovespa, apenas 7 tiveram desempenho positivo. As piores quedas ficaram entre empresas que tendem a sofrer mais com os juros altos e o dólar instável. A companhia aérea Azul recuou 11% na Bolsa. Já o grupo Soma, dono das marcas de moda Farm e Animale, registrou queda de 9% no dia.
Dólar
O dólar avançou 1,6% nesta quinta-feira, com os investidores estrangeiros também pessimistas com a possível interferência do governo na política do Banco Central. A moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 5,28, no maior patamar desde o início de janeiro.