BNDES não vai bancar gasoduto na Argentina, diz Mendonça de Barros
Na avaliação do economista, banco tem critérios de financiamento que a Argentina, em crise econômica, não pode cumprir
atualizado
Compartilhar notícia
O financiamento do gasoduto argentino de Vaca Muerta não passará pelo crivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A opinião é do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso. “Isso é um sonho de uma noite de verão”, diz o especialista.
A informação sobre o eventual financiamento foi dada nesta segunda-feira (21/1), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Buenos Aires, onde ele cumpre seu primeiro compromisso internacional. A declaração foi feita em entrevista conjunta com o presidente argentino, Alberto Fernández.
Mendonça de Barros nota, contudo, que o BNDES é “uma instituição com mais de 70 anos (foi fundado em 1952)” e tem “critérios rigorosos” para conceder esse tipo de financiamento. “Isso só vai acontecer se a Argentina puder oferecer garantias muito fortes”, afirma. “Algo que não é possível na atual conjuntura”. Ele lembra que o país vizinho passa por severa crise financeira, com inflação em torno de 95% ao ano.
Em Buenos Aires, Lula afirmou que, se houver interesse dos empresários e do governo brasileiro, o BNDES vai financiar como puder o gasoduto argentino. Ele lembrou que o banco de fomento já financiou países vizinhos. “De vez em quando, nos criticam por pura ignorância. Pessoas que acham que não pode haver financiamento de engenharia em outros países. Eu acho que não só pode, como é necessário que o Brasil ajude todos os parceiros. E é isso que vamos fazer dentro das possibilidades econômicas de nosso país”, disse.
Financiamentos para empresas brasileiras atuarem em outros países da América Latina, durante os governos do PT, deram origem a grandes escândalos e foram alvos da Operação Lava Jato.