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“BC tem instrumentos para cumprir meta de inflação”, diz Galípolo

Em evento em SP, futuro presidente do BC disse que volatilidade tem sido resultado da tentativa do mercado de digerir o pacote fiscal

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O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), o economista Gabriel Galípolo, que substituirá o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a partir de janeiro de 2025, afirmou nesta segunda-feira (2/12) que o “BC tem instrumentos para cumprir a meta de inflação”, fixada em 3% para o próximo ano. A afirmação foi feita em um evento realizado pela corretora XP, em São Paulo.

Galípolo definiu a discussão sobre o patamar da meta como um “não tema”. Para o futuro presidente da instituição, não cabe ao BC discutir o número, mas, sim, cumprir a determinação de alcançá-lo. “Esse é um tema totalmente página virada”, disse.

Embora a meta para a inflação tenha sido definida em 3%, ela permite uma variação de 1,5 ponto porcentual. Assim, no limite, os preços poderiam aumentar 4,5% ao ano. Ocorre que, segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (2/12) pelo BC, o mercado já projeta uma inflação de 4,71% para 2024 e de 4,40% para 2025 – e ambas as estimativas estão subindo.

Para Galípolo, contudo, o foco do BC deve ser mantido nos 3%. Ele observou que a margem de tolerância existe para eventualmente “absorver eventuais choques”. “O foco é a meta”, afirmou.

Volatilidade

No evento, o diretor do BC também foi questionado sobre as forte oscilações que vêm ocorrendo no mercado, notadamente no câmbio, com o dólar batendo sucessivos recordes de alta. Elas ocorreram desde que o governo anunciou o pacote de medidas de corte de gastos, ao lado de de alterações na cobrança do Imposto de Renda (IR), com a isenção para as pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês.

Para o economista, a “volatilidade foi resultado da tentativa do mercado de digerir as informações”. “Na última semana, a gente tinha a expectativa do anúncio das medidas fiscais (de contenção de gastos)”, disse. Ao mesmo tempo, notou Galípolo, “chegaram dados” sobre a mudança na tributação. “No início, houve uma dúvida se o IR estaria correlacionado com os gastos.”

Selic

Galípolo afirmou ainda que o BC não dará nenhuma orientação (“guidance”, no jargão do mercado financeiro, que usa o termo em inglês) sobre as próximas alterações na taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 11,25%. “O BC não está aqui para gerar mais volatilidade no processo”, disse o futuro presidente da instituição.

A definição da taxa Selic voltará a ser discutida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, entre os dias 10 e 11 de dezembro.

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