BC fará novo leilão de US$ 3 bilhões para conter alta do dólar
As propostas serão recebidas pelo Banco Central (BC) entre 9h15 e 9h20. Em dezembro, US$ 27,76 bilhões já foram injetados para conter câmbio
atualizado
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O Banco Central (BC) fará na manhã desta quinta-feira (26/12) um novo leilão extraordinário de dólares à vista, com oferta de até US$ 3 bilhões. De acordo com comunicado da autoridade monetária, as propostas serão recebidas entre 9h15 e 9h20. Na última segunda-feira (23/12), a moeda americana fechou em em alta de 1,86%, cotada a R$ 6,18, após atingir a máxima de R$ 6,20 durante o dia.
O novo leilão será mais uma tentativa do BC em segurar a cotação da moeda. Na quinta-feira (19/12), o dólar chegou a ser negociado a R$ 6,30. Apesar da aprovação do pacote fiscal, investidores seguem inseguros. Isso porque, após a votação do pacote no Congresso, o Ministério da Fazenda revisou para R$ 69,8 bilhões a previsão de economia em dois anos com as propostas. Inicialmente, a pasta esperava R$ 71,9 bilhões de economia com as medidas até 2026.
No cenário externo, a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, que valorizou o dólar praticamente em todo o mundo. Com uma agenda política de maior internalização da economia americana e maior restrição da imigração, tudo indica que a inflação americana deve aumentar, fazendo com que o Federal Reserve não consiga cortar os juros tanto quanto se imaginava, o que deixa o dólar americano mais atrativo.
Em dezembro, o BC já injetou US$ 27,76 bilhões no mercado de câmbio, configurando o maior volume para um único mês. As reservas internacionais do Brasil somam atualmente US$ 347,644 bilhões, oferecendo um importante colchão de segurança contra choques externos e fugas de capital.
Na avaliação de Paula Zogbi, gerente da Nomad, nessa semana de menor liquidez e poucas divulgações econômicas pelo feriado de Natal, os mercados ainda digerem o comunicado e as projeções publicadas pelo Federal Reserve após a reunião do Fomc na semana passada.
“As projeções de taxas de juros altas por mais tempo, com inflação mais elevada e precificação de apenas 2 cortes em 2025, trouxeram volatilidade para os ativos de risco e mais força para o dólar, que tem ainda mais força em relação ao real do que a outras moedas, graças aos riscos fiscais domésticos”, avalia.
Ela lembra que taxas de juros em patamares elevados atraem capital para ativos mais seguros, como a renda fixa americana. “Também desestimulam a atividade econômica e encarecem as dívidas das empresas, diminuindo o valor considerado justo para as ações da bolsa. As projeções também fortalecem o dólar pela diminuição do diferencial de juros”, conclui.
Tipos de leilões
O Banco Central tem realizado leilões de linha, em que há o compromisso de recompra por parte do BC do valor oferecido ao mercado, e à vista (sem o acordo de recompra). As quantias são oferecidas diretamente a instituições financeiras específicas, num total de 16 bancos – no jargão, os “dealers de câmbio” (a lista completa de “dealers” pode ser consultada neste link).
Os dólares oferecidos ao mercado saem das reservas internacionais do país, estimadas em cerca de US$ 363 bilhões, em novembro. De acordo com dados do BC, elas estavam em US$ 372 em setembro de 2024. Ressalve-se que, no caso dos leilões de linha, há a recompra do valor injetado no mercado.