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BC confirma novos cortes de juros e alerta para “esmorecimento” fiscal

Em ata da última reunião do Copom, BC vê necessidade de política monetária “ainda contracionista” e fala em cenário externo “menos adverso”

atualizado

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Banco Central do Brasil BACEN. Brasília focus - Metrópoles
1 de 1 Banco Central do Brasil BACEN. Brasília focus - Metrópoles - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Seis dias depois de reduzir novamente em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), de 12,25% para 11,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou, nesta terça-feira (19/12), a ata da última reunião do colegiado neste ano.

Foi o quarto corte dos juros desde agosto, quando o Copom interrompeu o ciclo de aperto monetário e baixou a Selic em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. Em setembro, a taxa caiu mais 50 pontos-base, para 12,75% e, em novembro, baixou para 12,25%.

O novo patamar da Selic é o menor desde a reunião do Copom de março de 2022, quando os juros estavam em 11,75% ao ano.

Havia um consenso no mercado de que a Selic seria reduzida novamente em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano. O próprio Copom indicou, nos comunicados que acompanharam as últimas decisões, que seguiria esse caminho de cortes. A principal explicação é a desaceleração consistente da inflação no Brasil nos últimos meses.

Inflação

Segundo a ata divulgada pelo Copom, a inflação continua dando sinais sólidos de arrefecimento, mas ainda há um “caminho longo” para seu retorno à meta.

“A inflação ao consumidor segue a trajetória esperada de desinflação, com destaque para a sua composição benigna. Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária se aproximaram da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,5%, 3,9% e 3,5%, respectivamente”, afirma o Copom.

O Comitê avalia que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo Comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária. Além disso, a incerteza, em particular no cenário internacional, que tem se mostrado volátil, prescreve cautela na condução da política monetária”, diz a ata do BC.

“O Comitê relembrou que a incorporação de cenários e variáveis exógenas, como a dinâmica fiscal ou o cenário externo, se dá por meio de seus impactos na dinâmica prospectiva de inflação, sem relação mecânica com a determinação da taxa de juros”, afirma o Copom. 

Questão fiscal

De acordo com o BC, reiterando o que já havia sido expressado na ata da reunião anterior, ainda há preocupação em relação ao “esmorecimento” do esforço do governo no cumprimento das metas fiscais.

“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, diz a ata do Copom.

“Com relação ao cenário fiscal, tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, prossegue a autoridade monetária.

Desaceleração da economia

A ata divulgada pelo BC também chama a atenção para a desaceleração da economia brasileira.

“No âmbito doméstico, o conjunto de indicadores recentes de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia esperado pelo Comitê. A divulgação do PIB do terceiro trimestre confirmou a moderação de crescimento que estava antecipada, mas com resiliência no consumo das famílias. O mercado de trabalho segue aquecido, mas apresenta alguma moderação na margem”, diz o documento do Copom. 

Taxa de juros

Na ata da reunião da semana passada, o Copom destaca “a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”.

“Enfatizou-se novamente que a extensão do ciclo ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central”, diz o documento.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, prossegue o Copom.

“O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”

Cenário externo

Na ata divulgada nesta terça-feira, a autoridade monetária afirma que “o ambiente externo segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião anterior, marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e sinais incipientes de queda de núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países”.

“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, diz o Copom.

“O Comitê avalia que a conjuntura internacional se mostra menos adversa do que na reunião anterior. Os dados mais recentes, ainda que incipientes, sugerem uma moderação de crescimento e um arrefecimento das pressões inflacionárias em alguns países, especialmente na parte de bens industriais e commodities energéticas. Em função disso, para vários membros do Copom, houve um aumento da probabilidade da ocorrência de um pouso suave nos Estados Unidos. Esse ambiente tem permitido uma sinalização de inflexão de política monetária em alguns países, ao passo que outros ainda mantiveram a estratégia de aperto monetário prolongado, que tem sido fundamental para conter a inflação mundial”, continua o BC.

“O Comitê manteve a avaliação, diante da volatilidade recente e da incerteza à frente no cenário internacional, de que é apropriado adotar uma postura de cautela, principalmente em países emergentes. Além disso, o Comitê continuará acompanhando os diversos dados da economia global e seus respectivos canais de transmissão para a economia doméstica.”

Reunião do Copom

O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia de reuniões, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia no Brasil e no mundo, além do comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê definem a taxa Selic.

A próxima reunião do comitê está marcada para os dias 30 e 31 de janeiro de 2024.

Veja o calendário completo com as oito reuniões do Copom em 2024:

30 e 31 de janeiro
19 e 20 de março
7 e 8 de maio
18 e 19 de junho
30 e 31 de julho
17 e 18 de setembro
5 e 6 de novembro
10 e 11 de dezembro

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