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Bancos querem mais de acionistas em plano de recuperação da Americanas

Proposta apresentada ontem (20/3) não trouxe nenhum avanço em relação ao que já havia sido proposto pelo trio de acionistas da Americanas

atualizado

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Homem passa por fachada da loja Americanas em brasília - Metrópoles
1 de 1 Homem passa por fachada da loja Americanas em brasília - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O plano de recuperação judicial apresentado pela Americanas na noite de ontem (20/3) dificilmente será a versão levada à prática, ao final das negociações. A proposta de venda de ativos e de aporte de R$ 10 bilhões pelo trio de acionistas bilionários, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, segue classificado como “insuficiente” pelos credores da empresa.

Com dívidas de R$ 43 bilhões, a Americanas propôs, em contrapartida, que os bancos aceitem reduzir o passivo em até 80%. Para isso, foram ofertadas quatro alternativas: o leilão de dívidas (em que os bancos concordarão em receber, no máximo, 30% do que é devido), conversão de débitos em ações (o que tornará os bancos sócios da Americanas), parcelamento de dívidas em 20 anos e, na opção final e mais desvantajosa, corte de 80% do valor da dívida e pagamento dos 20% restantes em 20 anos.

Essa última opção valeria para os credores que optarem por seguir com as ações judiciais contra a empresa. Atualmente, todos os maiores bancos, com dívidas que somam quase R$ 30 bilhões, lutam na Justiça para responsabilizar o trio de acionistas da Americanas pelo rombo contábil identificado no balanço da empresa. Na proposta apresentada ontem, a única alternativa para não serem enquadrados na última situação seria a desistência das ações judiciais.

No entanto, fontes ouvidas pelo Metrópoles são unânimes em dizer que o plano apresentado ontem não deve ser o roteiro definitivo de recuperação da Americanas. A proposta será discutida com os bancos e, após alterações, deverá ser votada por todos os credores da empresa (instituições financeiras, fornecedores e funcionários).

O primeiro ponto é que a proposta de injeção de R$ 10 bilhões pelo trio de acionistas ainda é considerada insuficiente. Em janeiro, quando o problema de R$ 20 bilhões no balanço veio à tona, Lemann, Sicupira e Telles acenaram com um aporte de R$ 6 bilhões. O valor foi rechaçado imediatamente e os bancos só aceitaram sentar à mesa para conversar quando a capitalização alcançou o valor de R$ 10 bilhões.

No entanto, a temperatura das negociações já é outra. Agora, o mínimo exigido pelos bancos é de R$ 12 bilhões – essa deve ser a meta a ser perseguida nas próximas conversas com os bilionários acionistas, que ainda não têm data certa para ocorrer.

Venda de ativos

Além dos R$ 12 bilhões pleiteados, os bancos estão de olho em outros R$ 3 bilhões que podem vir da venda de ativos da Americanas. No plano apresentado, a empresa demonstrou a intenção de vender as redes Hortifruti Natural da Terra e as franquias Uni.co (que englobam as marcas Puket e Imaginarium). Um jatinho de R$ 40 milhões também deve ser negociado.

O objetivo é levantar cerca de R$ 3 bilhões, mas os bancos consideram a tese improvável, dado o momento ruim do mercado brasileiro. O valor esperado está na casa de R$ 2 bilhões – vale dizer que é uma cifra consideravelmente menor do que o que a Americanas pagou para adquirir o Hortifruti Natural da Terra e a Uni.co em 2021 e 2022.

Fechando a conta, a empresa deve arrecadar algo como R$ 12 bilhões, ao final do processo, segundo a proposta. Desse total, cerca de R$ 3 bilhões seriam usados para pagar bancos e fornecedores e o restante iria para o caixa da empresa. Por outro lado, os credores arcariam com o prejuízo maior, de uma redução de até R$ 40 bilhões na dívida, equação considerada “desequilibrada” por um representante de um grande credor ouvido pelo Metrópoles.

 

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