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“Baixo investimento torna PIB pouco sustentável”, diz economista

Para Claudio Considera, do FGV Ibre, avanço do produto divulgado pelo IBGE foi bom, mas baixos aportes em áreas como a indústria preocupam

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1 de 1 Imagem colorida economista Claudio Considera do FGV Ibre - Metrópoles - Foto: Divulgação: FGV Ibre

O salto do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de riquezas do país) no segundo trimestre deste ano, anunciado nesta sexta-feira (1º/9) pelo IBGE, foi forte. As projeções indicavam um crescimento entre 0,2% a 0,5%. Ele foi de 0,9%. Por isso, deve ser comemorado, na opinião do economista Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Esse crescimento, contudo, embute um problema: “Ele vem com um baixo investimento o que torna o avanço insustentável”, diz o especialista.

O economista observa que o PIB brasileiro foi puxado no segundo trimestre pelo consumo das famílias e do governo. Isso do lado da demanda. No front da oferta, o indicador foi empurrado para cima pela indústria e pelos serviços. A indústria cresceu, principalmente, com a extração de petróleo e minério de ferro.

O grande nó dos números, destaca Considera, está no investimento. Ele também cresceu, mas pouco. Subiu 0,1%. No primeiro trimestre, caiu 3,4% e havia recuado 1,2% no quarto trimestre de 2022. Um indicador importante que norteia esse tema é a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Ela mede os aportes em máquinas e equipamentos, notadamente, e ficou estável. E a taxa de investimentos foi de 17,2% do PIB, inferior à do mesmo período de 2022, de 18,3%.

Sustentabilidade

“O crescimento sustentável vem do investimento”, diz Considera. “E isso já não está acontecendo há muito tempo no Brasil”. Ele acrescenta que a falta de aportes se faz presente em especial na indústria de transformação, que reduz seu peso na economia de forma sistemática. Ela já teve participação de 35% do PIB, nos anos 1980. Hoje, representa perto de 10%.

O coordenador das Contas Nacionais do FGV Ibre afirma ainda que a queda dessa participação acontece no mundo inteiro. “As pessoas não querem mais cinco carros, por exemplo”, diz. “Elas querem passear e viajar. Por isso, o setor de serviços é o que mais cresce.” Ele destaca, porém, que o problema da indústria brasileira é agravado pela perda constante de produtividade. “Hoje, ela representa 80% do que foi nos anos 1980”, afirma. “E isso é um desastre.”

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