Azul conclui negociação com parceiros e elimina R$ 11 bi em dívidas
Azul concluiu processo de reestruturação e renegociação de suas obrigações com arrendadores, fabricantes de aeronaves e detentores de dívida
atualizado
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![Avião da Azul](https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2019/10/06223531/aviao-azul.jpg)
A Azul, uma das três principais companhias aéreas do país, informou, na noite de terça-feira (28/1), que concluiu o processo de reestruturação e renegociação de suas obrigações com arrendadores, fabricantes de aeronaves e detentores de dívida.
O que aconteceu
- O acordo com seus parceiros fará a Azul eliminar mais de R$ 11 bilhões em dívidas.
- No processo de reestruturação e recapitalização da empresa, haverá troca de dívidas por ações (cerca de R$ 3,3 bilhões em 94 milhões de ações preferenciais).
- A Azul ainda converteu mais de R$ 4,6 bilhões em dívidas cujos vencimentos seriam em 2029 e 2030.
“Além da extinção de R$ 11 bilhões em obrigações financeiras, recebemos hoje um aporte de novo capital de mais de R$ 3,1 bilhões, que irá reforçar o balanço da companhia e garantir que estejamos mais fortes do que nunca”, afirmou o CEO da Azul, John Rodgerson.
O acordo também prevê um fortalecimento do fluxo de caixa da companhia de mais de R$ 1,8 bilhão até 2027.
Fusão Azul-Gol
No dia 15 de janeiro, gigantes do setor brasileiro de aviação anunciaram um acordo para o início das negociações em torno de uma possível fusão. O memorando de entendimento firmado por Azul e Gol já movimenta o mercado e deflagrou uma série de dúvidas a respeito dos possíveis impactos econômicos da eventual união – e mesmo se os órgãos regulatórios darão aval à parceria.
De acordo com o acerto entre as duas empresas, a fusão depende do desfecho do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, o que deve ocorrer até meados de abril. O Conselho de Administração da nova companhia terá três conselheiros do grupo Abra – controlador da Gol –, três membros da Azul e mais três independentes. Caso a fusão se concretize, o comando do novo grupo ficará a cargo do atual CEO da Azul, John Rodgerson.
Além da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA, a fusão precisará ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Estimativas apontam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado. Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.
Como deve ser a fusão Azul-Gol
- De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol assinado no dia 15, a futura companhia seguirá o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista. Ainda não há definição sobre os percentuais de participação de cada empresa no negócio.
- A ideia é a de que as marcas Azul e Gol continuem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhem aeronaves. A fusão envolverá apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.
- A aposta das duas empresas é na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.