metropoles.com

Até onde vai a arrancada do dólar, que já bateu em R$ 5,21

Moeda americana disparou sucessivas vezes, puxada por previsões de demora da queda de juros nos EUA, guerra no Oriente Médio e meta fiscal

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images
Imagem colorida de maços de notas de dólares americanos, empilhadas umas sobre as outras - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de maços de notas de dólares americanos, empilhadas umas sobre as outras - Metrópoles - Foto: Getty Images

Ainda não está claro para economistas e agentes do mercado em qual patamar o dólar vai se acomodar a partir de agora, depois de sucessivas valorizações registradas na semana passada e nesta segunda-feira (10/4). Na avaliação de Emerson Marçal, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), porém, um fato é claro: “A moeda americana abaixo de R$ 5,00 já não será uma realidade para o curto prazo”, diz.

O dólar já vinha numa tendência de alta nas últimas semanas, quando avançou sobre a casa dos R$ 5,00, em 28 de março. Deu um passo além quando alcançou R$ 5,12, na sexta-feira (12/4). Nesta segunda-feira (15/4), porém, houve uma nova mudança de nível. A cotação bateu em R$ 5,21, embora tenha caído na sequência do pregão para R$ 5,18.

Alavancas

Tamanha volatilidade tem origem de fontes variadas. Nesta segunda, por exemplo, duas alavancas atuaram para valorizar a moeda americana em relação ao real. Uma delas foi o acirramento do conflito no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel, no sábado (13/4). 

Se o confronto ganhar fôlego, o preço do petróleo vai subir, o que alterará de forma expressiva o arranjo de preços globais e, por conseguinte, as perspectivas de inflação no mundo. Esse cenário exerce pressão sobre o dólar, valorizando-o.

Juros americanos

Em paralelo, houve a divulgação nesta segunda-feira de dados sobre o desempenho do varejo nos Estados Unidos. Em março, as vendas do setor subiram 0,7%, ante uma expectativa de crescimento de 0,3%. O resultado mostra que a economia americana segue aquecida, o que diminui a perspectiva de queda dos juros no curto prazo no país.

As taxas altas nos EUA aumentam o interesse dos investidores por títulos do Tesouro americano. Em contrapartida, reduzem a atratividade de ativos de renda variável, com maior risco, como as ações negociadas nas bolsas de valores, principalmente em países emergentes. O dólar também sofre pressão de alta nesse processo.

Brasil sofre mais

Para os economistas, até a última semana, a manutenção dos juros elevados nos EUA era o principal fator que vinha puxando a cotação do dólar. A partir de segunda, no entanto, também entraram no jogo as questões do Oriente Médio e a questão da meta fiscal no Brasil.

Nesta segunda, o governo federal confirmou que quer trocar a previsão de um superávit primário (saldo positivo entre despesas e receitas, sem contar despesas com juros da dívida pública) de 0,5% para uma estimativa de meta zero – com eventual déficit de 0,25%. 

Com isso, acrescenta Marçal, da FGV EESP, embora o movimento de apreciação do dólar seja comum a todas as moedas, o Brasil acaba “sofrendo um pouco mais”. “Isso porque nossa situação fiscal é complicada e o governo dá sinais que irá postergar o ajuste ao máximo que der”, afirma.

Proteção

Ricardo Teixeira, coordenador do curso de Gestão Financeira da FGV, observa que o aumento das incertezas em torno da economia – quer nacional, quer internacional – também valoriza o dólar. “Isso ocorre porque aumenta a demanda pela moeda americana, uma vez que as pessoas buscam proteção num cenário que parece ameaçador”, afirma. 

Na semana passada, o banco Itaú revisou sua projeção para a moeda americana para os próximos anos. Em 2024, ela passou de R$ 4,90 para R$ 5,00 e, para 2025, foi de R$ 5,10 para R$ 5,20. Esse movimento deve ser uma constante nas próximas semanas entre os agentes financeiros.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?