Ata do Copom: Selic a 10,50% não tem prazo para cair
Segundo relato da última reunião do órgão do BC, a piora na expectativa de inflação foi crucial para manter os juros no atual patamar
atualizado
Compartilhar notícia
O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (25/6) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada entre os dias 18 e 19 de junho, na qual a taxa básica de juros, a Selic, foi mantida em 10,50% ao ano. O documento não indica um horizonte para a redução desse percentual e cita como uma das principais justificativas para a decisão o fato de as expectativas de inflação terem apresentado uma “desancoragem” adicional no país.
Isso significa que as estimativas em torno do aumento dos preços dos produtos estão cada vez mais distantes – ou seja, “desancoradas” – da meta de inflação, que é de 3%. Em relação ao cenário doméstico, a ata menciona que o mercado de trabalho e a atividade econômica, em particular o consumo das famílias, têm surpreendido e divergido do cenário de desaceleração previsto para a inflação.
“Além disso, houve nova elevação das projeções de inflação tanto para 2024 quanto para 2025”, diz a ata. “De forma análoga, as expectativas de inflação apresentaram desancoragem adicional desde a reunião anterior.”
Questão fiscal
Ainda em relação ao ambiente interno, a ata cita como fatores preocupantes o “esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal” por parte do governo, “o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública”.
A ata menciona que, durante a reunião, parte do debate se concentrou na trajetória mais recente dos preços, em que a inflação de bens industriais e de alimentação no domicílio deixa de contribuir para a desinflação nesse estágio do processo de queda da inflação. “Concomitante a isso, a inflação de serviços, que tem maior inércia, assume papel preponderante na dinâmica desinflacionária no estágio atual”, diz o texto.
Rio Grande do Sul
O documento menciona que alguns membros do Copom mostraram ainda “maior preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo, destacando não só o efeito das enchentes do Rio Grande do Sul, como também as revisões nos preços de alimentos em outras regiões”.
No ambiente externo, seguem as preocupações com a manutenção dos juros altos nos Estados Unidos, fixados no intervalo de 5,25% e 5,50%, o maior patamar desde 2001.
Tempo indeterminado
Conclui a ata: “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.
Por fim, afirma o texto, “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.