metropoles.com

Armínio elogia Haddad, mas diz que “aritmética não fecha” no arcabouço

“Do jeito que as coisas andam, nós estamos arriscados a desembocar em um grande fiasco”, disse Armínio Fraga, ex-presidente do BC

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Edilson Rodrigues/Agência Senado
arminio-fraga
1 de 1 arminio-fraga - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O economista Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central (BC) entre o início de 1999 e o fim de 2002, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), alertou nesta quinta-feira (27/4) sobre o risco de o novo arcabouço fiscal apresentado pelo governo não ser bem sucedido.

Armínio participou de um debate no Senado sobre juros, inflação e crescimento, ao lado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), além do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outras lideranças da política e da economia.

O arcabouço fiscal foi entregue ao Congresso Nacional e é uma das prioridades do governo neste ano. Se aprovado pelo Legislativo, o projeto substituirá o atual teto de gastos.

“A aritmética não fecha. Não é suficiente zerar o (déficit) primário. Porque, zerando o primário, significa que vamos está tomando dinheiro emprestado para pagar os juros. E o juro é esse que a gente conhece. É fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. A aritmética simplesmente não fecha”, afirmou o ex-presidente do BC.

“O ajuste necessário é muito maior que um primário de 3% do PIB. O ajuste necessário é maior que o ajuste fiscal. E o fiscal puramente voltado para a solvência do Estado é maior do que está sendo proposto”, prosseguiu Armínio.

Em seu pronunciamento, o economista ressaltou também que a proposta do novo arcabouço deu muita ênfase ao aumento da arrecadação, em vez do corte de despesas.

“Outro ponto que eu gostaria de comentar é a ênfase no lado da receita. Tudo bem, mas até onde isso vai? A sociedade já sentiu que não dá para ir muito mais longe e falta espaço”, ponderou. “Nós, no Brasil, conhecemos mais do que ninguém o mal que uma política fiscal, monetária ou regulatória irresponsável, inconsistente e pouco previsível faz para a economia.”

Apesar das críticas, Armínio elogiou o trabalho de Haddad e Tebet, dirigindo-se diretamente aos dois ministros.

“Os ministros vêm fazendo um trabalho corajoso, contrariando opiniões políticas fortes e até de certa revolta contra a responsabilidade fiscal. Eu os parabenizo pela coragem, que vai ser recompensada”, afirmou.

O ex-presidente do BC, que declarou apoio ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, disse temer o risco de o governo não dar certo.

“O ano de 2022 foi um ano de mobilização em apoio à nossa democracia. Foi um ano dificílimo. Foi bom, deu certo. Porém, as coisas agora chamam atenção do lado econômico. Se o ano passado foi o ano da democracia, este é o ano da economia”, afirmou.

“Eu digo isso porque, na minha avaliação, do jeito que as coisas andam, nós estamos arriscados a desembocar em um grande fiasco e já daqui a pouco abrirmos outra vez a discussão sobre a nossa democracia. Vossas excelências têm poder de virar esse jogo”, concluiu Armínio.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?