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Armínio diz que “esperava mais” do governo: “Área econômica vai mal”

“Imaginava que as lições do PT no poder, tanto as positivas quanto as negativas, tivessem sido razoavelmente absorvidas”, diz Armínio Fraga

atualizado

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1 de 1 arminio fraga - Foto: Wikimedia Commons

O ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, que chefiou a autoridade monetária de 1999 a 2003, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), fez críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobretudo na área econômica.

Em entrevista publicada nesta terça-feira (23/5) pelo jornal Valor Econômico, Armínio disse que “esperava mais” do PT nessa volta ao poder.

“Olhando para o lado econômico, confesso que esperava mais. Imaginava que as lições do PT no poder, tanto as positivas quanto as negativas, tivessem sido razoavelmente absorvidas”, afirmou. “Do lado macroeconômico, desde as eleições, as falas do partido em geral, inclusive do próprio presidente, sobre temas como a responsabilidade fiscal e a atuação do Banco Central, foram preocupantes, até raivosas. Do lado micro, tem havido muito ruído em torno de assuntos onde houve progresso nos últimos anos, sempre na direção contrária ao que seria desejável.”

Segundo o ex-presidente do BC, “a área econômica vai mal”. “O marco do saneamento foi mutilado, mas, felizmente, o Congresso achou por bem defender sua própria obra. Agora a Petrobras aparece com um jeito meio bolivariano, que faz parte de um desenho de país fracassado e despreocupado com o meio ambiente, posto que se trata de subsidiar combustíveis fósseis. Há ainda incerteza quanto ao BNDES e aos bancos públicos em geral”, afirma.

Na entrevista, Armínio elogia o esforço dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento, mas atribui a uma política macroeconômica “desequilibrada” o motivo de a taxa de juros no Brasil estar tão alta (13,75% ao ano).

“Os ministérios da Fazenda e do Planejamento deram um sinal correto na questão fiscal, na direção de recuperação da credibilidade do Brasil. É um pilar fundamental do tripé macroeconômico. Com as taxas de juros que temos, o Banco Central está precisando é de ajuda”, diz.

“Nossa política macroeconômica está desequilibrada, impondo muito peso ao monetário e pouco ao fiscal. Aí está a principal causa do alto nível de juros no Brasil. A questão é o que fazer a respeito. Para mim, o número 1 da lista é recuperar a responsabilidade fiscal perdida. Dou crédito à área fiscal por se posicionar quando, claramente, o presidente da República vem se mostrando contra, num falso dilema com a responsabilidade social.”

Questionado se já havia condições de o BC iniciar uma queda da taxa básica de juros, Armínio respondeu: “Pode ser, mas a política monetária deve seguir apertada”.

“Faz muita falta o apoio fiscal. Se confirmando um cenário de condições de crédito restritasm, o quadro para algum corte seria mais sólido. O Banco Central, em geral, faz um belo trabalho nessa área. Ninguém lá é sádico”, prosseguiu.

“Tem gente que acha que o BC está a serviço dos rentistas. Eu acho que quem está serviço dos rentistas é o governo, que é o maior tomador de empréstimos e, assim, pressiona os juros. Há uma maneira fácil de se avaliar o BC: a inflação ficou abaixo da meta? Não. Então, o problema é outro. É de diagnóstico.”

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