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Arcabouço “sólido e crível” pode ajudar na queda da inflação, diz BC

Ao divulgar a ata da última reunião, na qual manteve a taxa de juros em 13,75% ao ano, Copom citou também preocupação com cenário externo

atualizado

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1 de 1 Banco-Central - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) citou a proposta do novo arcabouço fiscal, que ainda não foi oficialmente apresentada pelo governo federal, como um dos fatores que podem contribuir com a queda da inflação no Brasil.

Ao divulgar a ata de sua última reunião, na qual manteve a taxa básica de juros da economia em 13,75% ao ano, o Copom também mencionou a deterioração do cenário externo, com a quebra de bancos regionais nos Estados Unidos, a compra do Credit Suisse, pelo UBS, e uma forte instabilidade no sistema financeiro global.

“Desde a última reunião do Copom, houve a liquidação de alguns bancos regionais nos Estados Unidos e a fusão de dois bancos suíços de grande porte, com aumento das preocupações em torno do sistema bancário nas economias centrais”, diz o Copom.

“O Comitê seguirá acompanhando de forma atenta essa situação, analisando os possíveis canais de contágio, mas avalia que o impacto direto sobre os sistemas financeiros doméstico e de outros países emergentes é, até o momento, limitado, sem mudanças na estabilidade ou na eficiência desses sistemas financeiros.”

Em relação ao arcabouço fiscal, o comitê diz que o “efeito líquido da condução da política fiscal sobre a inflação é muito dependente das condições macroeconômicas e financeiras vigentes”.

“O Comitê avalia que o compromisso com a execução do pacote fiscal demonstrado pelo Ministério da Fazenda, e já identificado nas estatísticas fiscais e na reoneração dos combustíveis, atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo. Ademais, o Comitê seguirá acompanhando o desenho, a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal que será apresentado pelo governo e votado no Congresso”, diz o BC.

“O Copom enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal, uma vez que a primeira segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos. No entanto, o Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos.”

A ideia da equipe econômica do governo era apresentar a proposta do arcabouço fiscal ainda em março, mas o cronograma dificilmente será cumprido. A tendência é que o novo marco fiscal seja divulgado no início de abril. O projeto enfrenta resistência dentro do PT e de alas do próprio governo federal.

Inflação preocupa

Na ata da última reunião, o comitê afirma ainda que “segue avaliando que o processo de desinflação global, especialmente no que se refere aos indicadores de inflação subjacente”. Para o Copom, o processo atual “é desafiador e possivelmente ocorrerá de forma mais lenta do que usualmente observado, na medida em que a inflação está disseminada no segmento de serviços”.

“Nesse contexto, a redução das pressões inflacionárias continua a requerer o compromisso e a determinação dos bancos centrais com o controle da inflação, através de um aperto de condições financeiras mais prolongado. Tal determinação, ainda que com possível impacto sobre preços de ativos no curto prazo, contribui para um processo desinflacionário global mais crível e duradouro”, diz o BC.

Na ata, o Copom informa que continua avaliando “se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.

“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o documento.

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