metropoles.com

“Arcabouço fiscal não é garantia de juros mais baixos”, diz economista

Para Márcio Holland, professor da FGV, ata do Copom mostra que, para influenciar o BC, regras têm de mostrar como o governo realizará gastos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Felipe Menezes/Metrópoles
Homem caminha em frente a entrada do prédio do Banco Central em Brasília
1 de 1 Homem caminha em frente a entrada do prédio do Banco Central em Brasília - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

A apresentação do novo arcabouço fiscal, o conjunto de regras que substituirá o teto de gastos, pode funcionar como uma espécie de “válvula de escape” para o atual patamar dos juros no Brasil. É isso o que mostra a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira (28/3). O documento faz uma análise da economia tanto nacional como global. Com isso, apresenta os motivos pelos quais a taxa Selic foi mantida em 13,75% ao ano, na última reunião do órgão, na quarta-feira (22/3).

Na avaliação do economista Márcio Holland, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, porém, a ata deixa claro que não basta ao Planalto, que pressiona o BC por juros mais baixos, “prometer a entrega” das novas normas fiscais. “É preciso que essa regra transmita com clareza as intenções do governo sobre como vai conduzir o crescimento de gastos e administrar a trajetória da dívida pública”, diz Holland.

Nesse sentido, para o economista, a ata evidencia que o “governo não deve esperar que as taxas de juros caiam apenas com a ideia de que existe um novo arcabouço fiscal”.  O documento do Copom (veja trecho abaixo) diz que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal”. “Se essa nova regra chegar desidratada, permitindo acomodar um aumento de gastos, e não estabilizar a trajetória da dívida, o BC terá de manter o aperto monetário de modo mais prolongado”, afirma o professor.

Holland observa que as estimativas em torno do aumento de preços seguem altas para 2023 e 2024. “Ainda é preciso manter-se vigilante no esforço de ancorar as expectativas”, diz. “As previsões indicam um IPCA de 5,95% para este ano. Ou seja, será o terceiro ano com inflação acima do teto da meta e com riscos de 2024 repetir essa situação.”

O que diz a ata

Sobre o arcabouço, diz a ata divulgada pelo BC: “O Comitê avalia que o compromisso com a execução do pacote fiscal demonstrado pelo Ministério da Fazenda, já identificado nas estatísticas fiscais e na reoneração dos combustíveis, atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo. Ademais, o Comitê seguirá acompanhando o desenho, a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal que será apresentado pelo governo e votado no Congresso”.

A seguir, contudo, destaca: “O Copom enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal, uma vez que a primeira segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos. No entanto, o Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?