Arcabouço fiscal ainda é fator de risco para inflação, diz Copom
Agora, a dúvida é sobre o desenho final das regras, que ainda serão aprovadas pelo Congresso Nacional
atualizado
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No comunicado emitido nesta quarta-feira (3/5) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), o arcabouço fiscal permanece como um fator de risco para a aumento da inflação, assim como ocorreu na ata preparada pelo órgão depois da reunião realizada em 22 de março. Ambos os documentos expõem os principais motivos que levaram o Copom a manter a taxa básica de juros do país, a Selic, em 13,75% ao ano.
Em março, o arcabouço fiscal foi incluído como um ponto de alerta por causa de seus possíveis “impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública”. Desta vez, a justificativa foi mais ampla. Ela destacou a “incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, de forma mais relevante para a condução da política monetária, seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco”.
Na avaliação do Copom, o ambiente externo também se mantém adverso. “Os episódios envolvendo bancos no exterior têm elevado a incerteza, mas com contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento, requerendo contínuo monitoramento”, afirma o comunicado divulgado nesta quarta.
Quanto aos outros elementos que podem representar riscos, estão “uma maior persistência das pressões inflacionárias globais” e “uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos”. A desancoragem, um termo técnico, ocorre quando a estimativa do aumento de preços está fora da meta estabelecida para a inflação em determinado período.
Entre os fatos que contribuem para a redução do ritmo inflacionário, foram especificados três pontos. São eles uma “queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local”, “uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global” e, por fim, “uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária”.