Após o Santander, como a crise da Americanas pode afetar outros bancos
Nesta quinta-feira, Santander acusou o golpe da dívida da varejista no balanço. Impacto similar deve atingir Bradesco, BTG, Itaú, Safra e BB
atualizado
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O Santander foi o primeiro banco a acusar, nesta quinta-feira (2/2), o impacto da crise da Americanas em seu balanço, embora não tenha citado nominalmente a empresa. Mas ele só foi o primeiro a registrar o problema numa longa fila de instituições financeiras, classificadas entre os principais credores da varejista, cuja dívida total soma R$ 47,9 bilhões.
Ao tratar das provisões, quando o banco reconhece antecipadamente uma perda com empréstimos, o Santander apontou que as despesas foram impactadas por um “evento subsequente” no crédito de atacado. De acordo com a lista de credores da Americanas, o banco tem R$ 3,65 bilhões a receber da companhia.
O BTG Pactual, porém, é um dos mais expostos à crise. A dívida de R$ 3,7 bilhões representa cerca de 8% do patrimônio total da instituição, segundo um relatório do banco UBS. Os analistas que assinam esse documento indicam que o BTG pode lançar uma baixa contábil da dívida com a varejista já no resultado financeiro do último trimestre de 2022.
De acordo com cálculos de uma equipe da corretora XP, se tiver que acusar a maior parte desses R$ 3,7 bilhões a “fundo perdido” no balanço, o lucro trimestral do BTG Pactual pode cair pela metade.
A Americanas também deve ao Bradesco, Itaú Unibanco, Safra e Banco do Brasil (BB). O valor de cada crédito varia. Ele vai de quase R$ 4,7 bilhões, no caso do Bradesco, a R$ 1,3 bilhão, no do BB.
Para fazer o provisionamento, não é preciso reservar o total da dívida no balanço, mas parte dela. Por isso, há divergências sobre os valores que serão indicados por cada uma das instituições financeiras.
O Citi divulgou um relatório no qual analisou o impacto potencial da crise da Americanas nos grandes bancos. De acordo com essa avaliação, caso tivessem de provisionar 50% da exposição, o Bradesco teria de prover R$ 2,350 bilhões. Em seguida, apareciam na lista o próprio Santander (R$ 1,850 bilhão), seguido pelo Itaú (R$ 1,7 bilhão), BTG (R$ 950 milhões) e BB (R$ 650 milhões).