metropoles.com

Após EUA pausar alta de juros, BC começará a cortar Selic?

Apesar de reunião do Banco Central dos EUA terminar sem alta de juros, incertezas continuam. No Brasil, corte na Selic é aguardado em breve

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Anna Moneymaker/Getty Images
Fed Chair Powell Testifies Before The House Committee On Financial Services
1 de 1 Fed Chair Powell Testifies Before The House Committee On Financial Services - Foto: Anna Moneymaker/Getty Images

O Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, oficializou uma aguardada pausa no aumento dos juros no país, com potencial de impacto em todo o mundo. A movimentação no mercado americano ocorre semanas antes de o Banco Central brasileiro ter uma nova reunião sobre a taxa de juros local, a Selic.

O Fed comunicou na quarta-feira (14/6) que, por ora, manterá a taxa de juros entre 5,0% e 5,25%. O BC americano vinha subindo juros em todas as reuniões desde março de 2022, como medida para conter o avanço da inflação nos EUA.

A pausa era aguardada nos mercados após números mais positivos de inflação e alguma desaceleração no mercado de trabalho americano. Apesar disso, o comunicado deixou margem para novas altas no futuro.

“Ainda levará alguns anos para que um corte de juros aconteça”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell.

Expectativa de cortes no Brasil

A princípio, a pausa no aperto monetário nos EUA ajuda a lançar mais bases para que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) inicie um corte de juros no Brasil.

Para a próxima reunião do Copom, em 20 e 21 de junho, o mercado espera um comunicado que sinalize uma transição e início do corte de juros em algum momento do segundo semestre. A Selic está hoje em 13,75%, seu maior patamar desde 2016.

A partir daí, as dúvidas são maiores. Alguns bancos e casas de análise apontam para possibilidade de um primeiro corte na Selic em agosto ou setembro. Ainda assim, a leitura em parte do mercado é que o Copom pode necessitar de mais tempo antes de mudar o rumo.

Para 2023, o cenário de inflação tem melhorado, mas a maior preocupação atual do Copom é que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 seguem acima da meta, que é de 3%.

“Agosto é provavelmente muito cedo, já que a reunião do Copom é em 2 de agosto e pode não haver tempo para a convergência total, então ainda vemos setembro como o mais provável”, escreveram analistas do banco UBS em relatório.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a dizer na noite de quarta-feira que já existe cenário para um corte de juros.

“Tudo concorre para que essa harmonização [entre política monetária e fiscal] aconteça mais rapidamente do que o previsto”, disse o ministro, afirmando que há um “clamor” do empresariado e da sociedade.

“Todos nós somos contra a inflação. Há várias opiniões a respeito que precisam ser respeitadas igualmente, grandes economistas do mundo inteiro estão discutindo esse tema. Divergir não é pecado”, disse Haddad sobre a convergência para as metas.

Incertezas sobre juros no mundo

O Brasil começou sua alta de juros antes dos EUA, o que dá ao país uma possibilidade de começar a baixar os juros antes, dizem economistas. O dólar, além disso, está abaixo de R$ 5 e o diferencial de juros entre Brasil e EUA segue alto. O Brasil tem o maior juro real (juro nominal descontada a inflação) do mundo, em 6,3%, segundo ranking da Infinity Asset.

Na outra ponta, a confirmação da pausa “com ressalvas” do Fed adiciona novos elementos ao debate local.

Economistas ouvidos pelo Metrópoles reforçaram a leitura que um aumento adicional de juros nos EUA é possível no segundo semestre, a depender do cenário econômico.

“Merece destaque o fato de eles mencionarem “essa reunião” [no comunicado], sinal de que a parada no ciclo de alta é algo que valeu para a reunião de junho, mas não garante estabilidade à frente”, disse a Kínitro Capital.

“A opinião dos especialistas não é unânime. Cerca de 60% acreditam tratar-se apenas de uma pausa na elevação dos juros”, avaliou Caio Fasanella, diretor executivo e chefe da área de Investimentos da Nomad.

Por ora, a tendência de baixa se manteve e os juros futuros no Brasil recuaram nesta quarta-feira, mesmo após o comunicado duro do Fed.

O pregão foi impactado também pela melhora na nota de crédito brasileira, que ganhou perspectiva “positiva” da agência S&P Rating pela primeira vez desde 2019, fato comemorado pela Fazenda. O debate sobre a hora certa de começar o corte na Selic deve continuar.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?