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Após derrotas em SP, OAS volta para a Bahia antes de nova recuperação

Em meio a investigação de credores e derrotas na Justiça de SP, empresas da OAS mudaram para a Bahia, onde pediram nova recuperação judicial

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1 de 1 oas-facebook - Foto: OAS/Facebook/Reprodução

Meses antes de pedirem uma nova recuperação judicial na Bahia e em meio a derrotas e investigações na Justiça de São Paulo, oito empresas ligadas à antiga OAS mudaram suas sedes da capital paulista para Salvador. A principal companhia do grupo também decidiu fechar todos os seus escritórios fora dos limites da Bahia.

A sede de uma empresa costuma ser essencial para definir onde será processada a recuperação judicial. Apesar de aceita pela Justiça, a nova recuperação da OAS enfrenta questionamentos de credores, que querem o caso em São Paulo. A desconfiança é que a mudança seja parte de uma manobra para se esquivar de cobranças.

Após a Operação Lava Jato, a OAS se reestruturou e mudou o nome para Metha. Parte das empresas do grupo ficou com a Coesa, controlada por seus ex-executivos. Ambas estiveram em recuperação judicial nos últimos anos, na Justiça de São Paulo.

A relação umbilical entre controladores diretores e a finalidade das empresas têm sido motivo de uma ofensiva de credores que as acusam de usar recuperações judiciais para se blindar de processos que podem acarretar no bloqueio de suas contas e de bens para pagar dívidas.

Não tem sido fácil convencer o Judiciário paulista. Em março, por exemplo, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) aceitou um pedido do Citibank para incluir três empresas — entre elas a própria Metha — em uma ação de cobrança de R$ 279 milhões contra a Coesa.

No pedido acolhido pelos desembargadores, o banco afirma que a Coesa, a Metha, e outras empresas são, na verdade, um mesmo grupo. “É tudo igual. Não há distinção de finalidade societária, operacional, controle ou gestão”, afirmou. A decisão abriu precedente para ofensivas idênticas de outros credores. 

A decisão ocorreu no dia 23 de março. Apenas três dias antes do julgamento, a Metha realizou uma assembleia extraordinária na qual aprovou que sua sede seria transferida de São Paulo para Salvador e que filiais em outras dez cidades seriam extintas.

O mesmo aconteceu com outras duas empresas atingidas pela decisão. Na mesma data e horário, e na sala ao lado da sede da Metha, a KPE, empresa cuja criação é tida pelos credores como uma forma de esvaziar o patrimônio da OAS, também mudou para o mesmo local.

Decisão idêntica foi tomada no mesmo dia por outras seis empresas. Todas elas são autoras do novo pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela juíza Carmellita Arruda de Miranda, da 2ª Vara Empresarial de Salvador.

Na Bahia, pelo menos um banco já questionou a competência da Justiça local para julgar o caso, já que pelo menos outras duas recuperações judiciais, como a da própria OAS, antecessora da Metha, e a da Coesa, sempre tramitaram em São Paulo.

Credores ouvidos pelo Metrópoles afirmam desconfiar de que a manobra para levar o processo à Bahia seja mais uma maneira de tentar se esquivar de cobranças.

A sede costuma ser fator determinante para decidir em qual estado será processada uma recuperação judicial. A juíza afirmou que o perito nomeado por ela para fazer constatação prévia das empresas não “aferiu que o principal estabelecimento da devedora localiza-se em outro estado da federação”.

Ajuíza definiu o valor da causa em R$ 6 bilhões, o que costuma ser equivalente às dívidas da recuperação.

A magistrada nomeou um administrador judicial de São Paulo para o caso da Metha. A nova recuperação também se dá meses após a decretação de falência da Coesa pelo TJSP. A decisão, contudo, está suspensa por uma liminar do ministro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), assinada em agosto.

Na Justiça de São Paulo, também continua a correr uma investigação sobre a confusão patrimonial e societária entre empresas herdeiras da OAS. Ela está só no início e ainda passará por análise aprofundada pela perícia e por um administrador judicial.

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