Aportes em startups brasileiras caem 51% no 1º semestre
Investimentos em startups têm sofrido com alta global dos juros. Além da queda no volume investido, número de rodadas foi o menor desde 2017
atualizado
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Os investimentos de capital de risco em startups no Brasil tiveram queda de 51,4% entre janeiro e junho, na comparação com o semestre anterior, segundo dados da plataforma Distrito, que monitora os dados do setor.
Ao todo, o volume dos aportes de venture capital em startups brasileiras chegou a US$ 778,1 milhões no primeiro semestre do ano. No semestre anterior, entre julho e dezembro de 2022, as startups haviam captado quase US$ 1,57 bilhão.
Os números estão no Inside Venture Capital Report, divulgado nesta segunda-feira (3/7) pela Distrito, com um balanço do período até junho.
O número de rodadas, que somou 199 no semestre, foi ainda o menor desde 2017 (quando ocorreram 167 aportes).
O total representa queda de 49,1% em relação ao semestre anterior e mais de 63% em relação ao mesmo período do ano passado, quando ocorreram 391 rodadas.
Gustavo Gierun, cofundador e CEO do Distrito, aponta que, apesar da queda no semestre, os últimos meses têm tido aumento no volume investido, o que sugere uma tendência positiva, embora menor do que nos anos de auge do mercado, em 2020 e 2021.
“Desde o início do ano, temos enfrentado um cenário de aperto monetário global que continua a impactar o apetite por investimentos de risco. No entanto, temos observado uma leve melhora, com a quantidade de negócios mantendo-se estável e o volume de investimento aumentando”, diz Gierun, em nota.
Junho, que teve sozinho US$ 181,7 milhões em aportes, foi o terceiro mês seguido com alta no volume aportado. Veja o desempenho mês a mês:
- Janeiro: 38 negociações – US$ 252,3 milhões
- Fevereiro: 26 negociações – US$ 84,7 milhões
- Março: 38 negociações – US$ 56,4 milhões
- Abril: 37 negociações – US$ 91,7 milhões
- Maio: 31 negociações – US$ 112,4 milhões
- Junho: 31 negociações – US$ 181,7 milhões
Fintechs recebem 24% do volume investido
Com a maré baixa no mercado, as chamadas fintechs, startups do setor financeiro, foram o destaque do semestre. As fintechs brasileiras receberam ao todo US$ 185,9 milhões, o maior volume entre os demais setores e quase um quarto de tudo o que foi investido em startups brasileiras no período.
Em seguida vieram as startups do setor de energia (as energytechs), com volume de US$ 149,2 milhões.
O relatório destaca também os investimentos no chamado late stage, em startups mais consolidadas e de maior tempo de mercado. Os aportes nesse tipo de empresa costumam ter valor maior. “Observamos que o mercado de investimentos em Late Stage tem gradualmente retomado o fluxo, impulsionando o volume total de investimento ”, disse Gierun.
No semestre, ocorreram ainda 61 movimentos de fusões e aquisições (os chamados M&As, no termo em inglês). O total de transações teve queda de 27,4% em relação ao semestre anterior e de 48,7%, em relação ao mesmo período do ano passado.
O grande destaque desse grupo foi a fintech brasileira Pismo, adquirida pela Visa por US$ 1 bilhão, em anúncio feito na semana passada.