Antes da falência, FTX avisou autoridades das Bahamas sobre fraudes
Grande parte dos recursos dos clientes da FTX foram “misturados” aos de sua empresa-irmã, a Alameda Research, segundo investigações
atualizado
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As autoridades das Bahamas souberam com antecedência, antes mesmo da falência da corretora de criptomoedas FTX, que os recursos dos clientes da exchange haviam sido utilizados em uma série de operações de crédito e outras negociações, sem o conhecimento dos usuários.
As investigações apontaram que o dinheiro recebido por Bankman-Fried se misturava aos fundos da Alameda Research, o braço de investimentos da FTX, e era utilizado para financiar investimentos em vários empreendimentos, além de compra de imóveis e doações políticas – tudo isso sem o conhecimento dos investidores.
Em uma mensagem endereçada às autoridades de Bahamas no dia 9 de novembro, Ryan Salame, ex-CEO da FTX Digital Markets (empresa do grupo nas Bahamas), escreveu que “os ativos dos clientes que podem ter sido mantidos com a FTX Digital foram transferidos para a Alameda Research”.
Salame afirmou ainda que apenas três pessoas poderiam ter transferido esses recursos: o ex-CEO Sam Bankman-Fried – que seria preso nas Bahamas um mês depois, em 12 de dezembro –, o ex-diretor de engenharia Nishad Singh e o cofundador da FTX, Gary Wang.
De acordo com uma mensagem enviada por Christina Rolle, diretora executiva da Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas, à polícia local, a situação consistiria em “apropriação indébita, roubo, fraude ou algum outro crime”.
As acusações contra o ex-CEO da FTX
Bankman-Fried é alvo de oito acusações criminais, incluindo fraude eletrônica, conspiração, fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro. Ele foi indiciado pelas autoridades dos Estados Unidos e pode pegar uma pena total de até 115 anos de prisão.
Se condenado, o ex-CEO da FTX pode pegar 20 anos de prisão por cada acusação de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, além de cinco anos por cada fraude no mercado de valores mobiliários e no financiamento de campanhas políticas.
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA, o fundador da FTX orquestrou “uma fraude massiva, desviando bilhões de dólares dos fundos de clientes da plataforma de negociação para seu próprio benefício pessoal e para ajudar a aumentar seu império criptográfico”.
A comissão apresentou um documento de quase 30 páginas com acusações contra o empresário, incluindo o desvio de recursos dos clientes para aplicações de alto risco na Alameda Research.
O colapso da FTX
A empresa deve a seus credores pelo menos US$ 3 bilhões (R$ 15,9 bilhões), de acordo com os pedidos de falência.
O fundador da FTX vem sendo investigado pelo menos desde o início de novembro. Há cerca de um mês, a FTX estava avaliada em US$ 32 bilhões (R$ 166,2 bilhões). O patrimônio de Bankman-Fried era estimado em US$ 16 bilhões (R$ 83 bilhões). Em poucos dias, a empresa mergulhou em uma crise sem precedentes que a levou à falência com uma velocidade espantosa, o que contaminou grande parte do mercado global de criptomoedas.