“Ampliação” do Santos Dumont pela Infraero revolta prefeito do Rio
Estatal revisou a capacidade do aeroporto de 9,9 milhões para 15,3 milhões de passageiros por ano; prefeito teme esvaziamento do Galeão
atualizado
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A decisão da Infraero de revisar a capacidade do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, de 9,9 milhões para 15,3 milhões de passageiros por ano (um aumento de 54,5%), revoltou o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), que usou as redes sociais para criticar a empresa estatal.
Segundo a Infraero, a “definição da capacidade de processamento de passageiros tem relação com a demanda, que varia entre horários de pico e de baixo fluxo”. A companhia informou que adota critérios estabelecidos pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata).
O Santos Dumont tem sido alvo de críticas, com inúmeros relatos de longas filas, terminal lotado e atraso de voos. No ano passado, o aeroporto recebeu mais de 10 milhões de passageiros, mais do que o atual limite de capacidade.
Por outro lado, o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), com capacidade para 37 milhões de passageiros por ano, recebeu menos de 6 milhões de pessoas em 2022.
“O Rio perdeu um monte de coisa, historicamente. Se a gente deixar de ter um aeroporto internacional com conexões internacionais, essa vocação que é tão natural nossa, de cidade global, de porta de entrada do turismo no Brasil, a situação vai ficar muito ruim”, disse Paes em um vídeo publicado nas redes sociais neste sábado (8/4).
Cariocas, uni-vos! É muito séria essa conversa do Galeão! Chega de perder vocações! pic.twitter.com/o7JNYSnBoI
— Eduardo Paes (@eduardopaes) April 8, 2023
“Não tem nada a ver com o Santos Dumont, que é um charme de aeroporto e muito confortável. Mas tem um limite de segurança e, quanto mais voo a gente coloca ali, mais voo internacional a gente perde no Galeão”, prosseguiu o prefeito do Rio, criticando a decisão da Infraero.
Segundo Eduardo Paes, os voos domésticos “estão sobrecarregados” no Santos Dumont. “Os voos domésticos têm que ser para conexão no Galeão, para que o Galeão atraia voos internacionais”, afirmou. “O Rio precisa de um aeroporto internacional. Sabemos dos problemas da cidade. Não podemos permitir que o Galeão seja destruído.”
Na sexta-feira (7/4), também pelas redes sociais, o prefeito do Rio foi mais enfático nas críticas à Infraero: “Só não vê quem não quer! O Aeroporto Santos Dumont virou a única fonte de receita da estatal Infraero! Ou seja: quanto mais voos, mais receita”, escreveu. “Para complementar, ajuda a inviabilizar o Galeão. Ao inviabilizar o Galeão, o operador privado sai da concessão e quem assume? A Infraero!”, completou Paes.
Ao replicar o post do Twitter no Instagram, o prefeito classificou a decisão da estatal como uma “canalhice inaceitável contra o Rio”.
Ministro fala em limitar voos no Santos Dumont
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, também entrou na polêmica pelas redes sociais. Na sexta-feira, França afirmou que o governo federal pretende limitar o número de voos para o Santos Dumont.
“De pronto, determinamos que a operação do Aeroporto Santos Dumont neste ano terá uma redução em relação ao número registrado em 2022 e ficará abaixo de 10 milhões de passageiros em 2023”, escreveu o ministro.
Para França, a medida ajudará a recuperar o movimento no Galeão. “Nós vamos retomar o protagonismo do Galeão! Esse é um compromisso nosso demonstrado desde o início do governo Lula”, anotou. “Por fim, reafirmo que qualquer decisão sobre o aeroporto será comunicada diretamente ao governador e ao prefeito. Não travaremos um debate complexo e importantíssimo como esse por meio de ‘interlocutores’ ou via redes sociais”, finalizou França.
Por fim, reafirmo que qualquer decisão sobre o aeroporto será comunicada diretamente ao Governador e ao Prefeito. Não travaremos um debate complexo e importantíssimo como esse por meio de “interlocutores” ou via redes sociais. O Brasil voltou e o Galeão vai voltar também! ✈️
— Márcio França (@marciofrancasp) April 7, 2023