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Americanas perde selo do Novo Mercado da B3 e tem executivos punidos

O selo Novo Mercado foi criado pela B3 em dezembro de 2020 e premia companhias com alto nível de governança e transparência

atualizado

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Fachada da loja Americanas em brasília - Metrópoles
1 de 1 Fachada da loja Americanas em brasília - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A Bolsa de Valores do Brasil (B3) decidiu retirar o selo do Novo Mercado da Americanas, gigante do varejo brasileiro que está em processo de recuperação judicial. Além disso, a companhia teve 22 diretores, conselheiros e membros de seu comitê de auditoria punidos pela B3 por descumprimento das regras do Novo Mercado.

O selo foi criado pela B3 em dezembro de 2020 e premia companhias com alto nível de governança e transparência. A perda da classificação, portanto, é um novo dano à reputação da Americanas. Embora tenha perdido o selo do Novo Mercado, a empresa continua listada na Bolsa.

Entre os executivos punidos pela B3, estão os acionistas de referência Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira, do Conselho de Administração, além do ex-CEO Miguel Gutierrez, da diretoria de administração. Eles serão multados entre R$ 263 mil e R$ 395 mil.

A Americanas e os executivos têm até 15 dias para recorrer da decisão. As punições estão relacionadas à efetividade da estrutura de fiscalização e controle da companhia.

O balanço financeiro da Americanas deve ser divulgado no dia 13 de novembro.

O que diz a Americanas

Em nota encaminhada ao Metrópoles, a Americanas informa que “tomou ciência da decisão proferida pela B3 e apresentará recurso com efeito suspensivo”.

“A companhia entende que cumpre todos os requisitos do Novo Mercado, com os controles exigidos, e confia que a decisão seja devidamente revista”, diz a varejista.

“A Americanas reitera que foi vítima de uma fraude de resultados de sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos e governança existentes. A companhia acredita que mecanismos de governança corporativa, tais como os previstos no regulamento do Novo Mercado e adotados pela empresa, não blindam uma sociedade contra fraudes complexas como a verificada na Americanas, inclusive levada a cabo por manipulação concertada de informações por parte da antiga diretoria.”

A crise da Americanas

No início deste ano, veio à tona um rombo contábil bilionário nos balanços financeiros da Americanas, estimado inicialmente em R$ 20 bilhões. Recentemente, a CPI da Câmara dos Deputados que investigou o episódio chegou ao fim sem apontar os responsáveis pela possível fraude. O caso também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal.

No mês passado, como noticiado pelo Metrópoles, a Americanas anunciou, também por meio de um fato relevante, que vai sacar mais R$ 500,6 milhões da linha de financiamento que obteve junto aos acionistas de referência da varejista, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

Em fevereiro, a Justiça autorizou que os três acionistas fizessem empréstimos de até R$ 2 bilhões para manter a operação da companhia. A empresa já havia utilizado R$ 1 bilhão desses recursos. Agora, os saques somam três quartos do total.

Esse tipo de crédito, chamado de “debtor-in-possession” (DIP), é destinado a companhias em recuperação judicial. É usado para manter e dar liquidez a empresas nessa situação. Por isso, ele teve de ser aprovado pela 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, onde corre a recuperação judicial da varejista.

A venda de ativos seria outra forma que a Americanas teria para obter recursos. Mas essa não é uma solução simples. Tanto é assim que a companhia decidiu suspender a busca por interessados na compra de sua participação no Grupo Uni.co, dono de marcas como Puket e Imaginarium. De acordo com a empresa, “as condições comerciais propostas” não refletiram o “real valor” do Uni.co.

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