Americanas não sabe “se ou quando” acaba negociação com credores
Empresa emitiu comunicado nesta terça-feira (21/11) em resposta ao que chamou de “especulações” sobre fim do acordo com grandes bancos
atualizado
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A Americanas afirmou, em fato relevante divulgado ao mercado, nesta terça-feira (21/11), que os os termos finais do plano de recuperação judicial da empresa, assim como as discussões com seus principais credores financeiros, “ainda se encontram em negociação, não sendo possível precisar se ou quando serão concluídas”.
O texto, assinado por Camille Loyo Faria, diretora financeira e de relações com investidores da varejista, afirma que o comunicado foi emitido como resultado de “notícias especulativas acerca do status da negociação com os seus credores”.
Nesta terça, órgãos da imprensa afirmaram que a negociação com os bancos poderia ser concluída nas próximas horas ou, no máximo, até sexta-feira (24/11). Uma fonte ligada ao caso ouvida pelo Metrópoles confirmou que o acerto está próximo — ele pode ocorrer até o início da próxima semana, mas detalhes ainda precisam ser fechados. Eles incluem, por exemplo, o aval do Banco Safra ao arranjo e questões pendentes sobre a redação do texto final, como uma cláusula que impede as partes de continuar litigando.
Acerto iminente
De qualquer forma, a paz está próxima. O fato é que as perspectivas das negociações mudaram há mais de dois meses e tal alteração de humor ficou evidente num fato relevante exposto ao mercado em 10 de setembro pela Americanas. O primeiro item do documento definiu que os acionistas de referência da empresa, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, assumiriam o compromisso de aliviar a situação da companhia com um aumento de capital de curto prazo, em dinheiro, no valor de R$ 12 bilhões.
Desse total, porém, seria descontado R$ 1,5 bilhão já aportado pelo trio de acionistas sob a forma de empréstimo, dentro do processo de recuperação judicial da varejista, iniciado em janeiro. Ou seja, na prática, a injeção de recursos seria de R$ 10,5 bilhões.
Na proposta anterior da Americanas, havia a previsão de um desembolso de R$ 10 bilhões pelos acionistas, com outras duas rodadas de R$ 1 bilhão cada, mas com prazos mais longos e ambas condicionadas a fatores como a evolução do endividamento e a situação do caixa da empresa.
Dívidas por ações
O segundo tópico do fato relevante de 10 de setembro, o que trouxe a paz às partes, estabeleceu que os credores também vão participar de uma capitalização de dívida no valor de R$ 12 bilhões, dentro do processo de recuperação judicial. Isso quer dizer que quem está na fila para receber dinheiro da varejista vai trocar o débito por ações até esse montante. Isso não é dinheiro novo, mas reduz de forma expressiva o endividamento geral. Agora, ainda falta definir a metodologia para o cálculo dessa conversão das dívidas em ações
Depois de um eventual acerto com os grandes bancos, o plano terá de ser aprovado numa assembleia geral dos credores (AGC), marcada para 19 de dezembro, em primeira convocação, e para o dia 22 de janeiro de 2024, em segunda convocação. Se tudo correr bem, ele será encaminhado para homologação da Justiça no próximo ano.