Americanas: ex-CEO nega troca de nome para driblar polícia na Espanha
Defesa afirma que registro espanhol de Miguel Gutierrez data de 1966 e seguiu leis locais, dando destaque ao sobrenome materno
atualizado
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A defesa de Miguel Gutierrez, o ex-CEO da Americanas, negou nesta quarta-feira (10/7) que ele tenha mudado de nome na Espanha, com o objetivo de dificultar sua localização pelas polícias espanhola e brasileira. O ex-executivo da empresa está sendo investigado por uma suposta participação na fraude contábil estimada em R$ 25,2 bilhões na varejista.
Em nota, os advogados de Gutierrez disseram que refutam “qualquer insinuação de que o executivo tenha mudado propositalmente seu nome na Espanha para confundir ou despistar autoridades”. “O registro de Miguel como cidadão espanhol data de 1966 e segue as leis do país para definição dos sobrenomes”, acrescenta o comunicado.
Nesse caso, observam os representantes legais do ex-CEO, o documento feito na Espanha, ao qual o Metrópoles teve acesso à uma cópia, incluiu o primeiro sobrenome do pai, seguido pelo da mãe. Assim, o nome do executivo no registro espanhol ficou Miguel Sarmiento Gomes Pereira.
“Sarmiento” é o primeiro sobrenome paterno e “Gomes Pereira”, o materno. No Brasil, ele é registrado como Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez.
“Além disso”, acrescenta anota, “a defesa ressalta que esta regra é de pleno conhecimento de qualquer autoridade espanhola ou brasileira que se relacione com a Espanha, não sendo, portanto, cabível a narrativa de que a diferença entre os nomes brasileiro e espanhol do executivo possa ter causado qualquer confusão no contexto levantado pelas investigações em curso”.
Por fim, dizem os advogados: “A defesa reitera que Miguel Gutierrez jamais participou ou teve conhecimento de qualquer ato ilícito durante seu mandato na Americanas e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”.
Operação Disclosure
No relatório da Polícia Federal que serviu de base para a Operação Disclosure, deflagrada na quinta-feira (27/6), Gutierrez faz parte da lista de 14 ex-executivos da Americanas investigados pela suposta participação na fraude bilionária. Na ocasião, a Justiça autorizou o cumprimento de dois mandados de prisão. Um deles contra Gutierrez e outro voltado para a ex-diretora da empresa Anna Christina Ramos Saicali.
Ambos, porém, encontravam-se no exterior. Gutierrez estava na Espanha e Anna Christina, em Portugal. A executiva, cujo pedido de prisão foi revogado, retornou ao Brasil na segunda-feira (1º/7). O ex-CEO da Americanas permanece na Espanha.