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Americanas: diretoria omitiu operações que causaram rombo, diz jornal

Comitê de auditoria, com três conselheiros, é uma das instâncias pelas quais o balanço da Americanas deveria passar antes de aprovação

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Fachada da loja Americanas em brasília após empresa ter um rombo e dívida de R$ 43 bilhões4
1 de 1 Fachada da loja Americanas em brasília após empresa ter um rombo e dívida de R$ 43 bilhões4 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Documentos que fazem parte da investigação interna na Americanas sobre o rombo bilionário que deflagrou a maior crise da história da empresa mostram que o comitê de auditoria da companhia questionou os diretores em pelo menos quatro ocasiões sobre as operações contábeis que teriam causado o buraco no caixa – e a resposta foi sempre que tais operações não existiriam. As informações são da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.

O comitê de auditoria, composto por três conselheiros, é uma das instâncias pelas quais o balanço da Americanas deveria passar antes de ser aprovado pelo Conselho de Administração e apresentado ao mercado.

De acordo com a publicação, em agosto de 2020, maio de 2021, agosto de 2021 e novembro de 2022, os executivos da empresa disseram ao comitê de auditoria que não havia registro de nenhuma operação de “risco sacado”.

Por meio do “risco sacado”, um tipo de financiamento comum no setor de varejo, os bancos abrem linhas de crédito para que os fornecedores descontem suas faturas e depois cobram o valor da empresa.

O volume de empréstimos feitos nessa modalidade deve aparecer no balanço da empresa como passivo. Essas dívidas, que somavam R$ 20 bilhões em janeiro deste ano, não apareceram nas demonstrações financeiras da Americanas pelo menos desde 2016.

Segundo os registros da comunicação entre comitê e diretoria, em agosto de 2020, o órgão questionou os diretores pela primeira vez: “Utilizamos a prática de fornecedor condicionado (outro nome para o “risco sacado”)? “Não utilizamos”, respondeu a diretoria.

Em maio de 2021, a pergunta se repetiu: “Temos operações de forfait/convênio com nossos fornecedores? Se sim, qual o valor? Como nosso prazo médio de pagamento está evoluindo de dezembro de 2019 até hoje?”. A resposta, na ocasião, foi: “Não temos este tipo de transação na companhia. O prazo médio de pagamento está em linha desde dezembro de 2019 até março de 2021”.

Em agosto daquele mesmo ano, o comitê voltou à carga: “Em qual conta visualizamos os valores a pagar e a receber dos sellers (vendedores)? Os valores ficam líquidos na linha de fornecedores? Poderiam comentar um pouco? Temos contas transitórias para essa relação com pendências antigas?”. Resposta da diretoria da Americanas: “Não temos conta transitória de fornecedores”.

Por fim, em novembro de 2022, o comitê voltou a questionar a direção da varejista. “Continuamos sem nenhuma transação de forfait/convênio junto aos fornecedores, correto?” A resposta foi: “Continuamos sem nenhuma transação de forfait/convênio junto aos fornecedores”.

Oficialmente, a dívida reconhecida pela Americanas é de R$ 42,5 bilhões. A lista mais atualizada do passivo traz 9.713 credores, entre funcionários, fornecedores, prestadores de serviços e instituições financeiras.

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