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Americanas: diretores venderam R$ 258 mi em ações antes de revelar fraude

Polícia Federal afirma que ex-executivos da rede cometeram crimes financeiros, como uso de informação privilegiada

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida da fachada das Lojas Americanas - Metrópoles - Foto: Igor Estrela/Metrópoles

A Polícia Federal afirma que ex-executivos do alto escalão da Lojas Americanas, como o ex-CEO Michel Gutierrez, realizaram vendas de dezenas de milhões de reais quando souberam que a rede entraria em forte crise financeira e que as fraudes viriam à tona. A prática é vista como crime de uso de informações privilegiadas.

Ao todo, 14 pessoas são alvo de buscas e apreensões na manhã desta quinta-feira (27/6), no âmbito da Operação Disclosure, que mira supostos crimes financeiros e organização criminosa na rede varejista, que está em recuperação judicial com dívidas de R$ 40 bilhões.

Tanto Gutierrez quanto a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali foram incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol pelo Núcleo de Cooperação Internacional da PF.

A descoberta da fraude foi comunicada ao mercado em janeiro de 2023, quando o ex-CEO do Santander Sergio Rial foi anunciado para assumir a presidência da Americanas. Ele ficou nove dias no cargo e renunciou quando o rombo foi tornado público. Antes de lançada ao mercado financeiro, a fraude fez ex-diretores correrem para vender ações antes que perdessem seu valor.

Venda de ações

Segundo a Polícia Federal,  “ao perceberem que a assunção de Sérgio Rial levaria ao desbaratamento da fraude bilionária nas finanças das companhias, os investigados iniciaram um forte processo de venda de ações, a fim de vendê-las por preço acima do que seria avaliado pelo mercado após a divulgação da fraude”.

“Há, nesse sentido, uma grande concentração de vendas dos principais artífices das fraudes justamente nos meses de agosto a outubro de 2022, demonstrando que valeram-se de informação relevante, ainda não divulgada ao mercado, capaz de propiciar, para eles, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio, de valores mobiliários”, afirma a Polícia Federal.

Movimentação “atípica”

No caso de Miguel Gutierrez, ex-CEO da rede, até julho de 2022, ele havia vendido apenas R$ 13 milhões em ações. Depois desse mês, após descobrir que seria trocado do posto e ciente da fraude, vendeu R$ 158 milhões em “uma movimentação totalmente atípica” As vendas mais intensas tiveram auge em setembro de 2022. O mesmo padrão foi seguido por outros dez diretores da rede.

Anna Saicali vendeu R$ 57 milhões; José Timotheo de Barros, R$ 20 milhões; Marcio Cruz Meirelles, R$ 5,5 milhões; Carlos Eduardo Padilha, R$ 1 milhão; Murilo Correa, R$ 2,8 milhões; Fábio Abrate, R$ 5,8 milhões; João Guerra, R$ 3,8 milhões; Jean Lessa, vendeu R$ 1,1 milhão (todas as suas ações); Maria Christina Ferreira do Nascimento, R$ 800 mil; e Raoni Lapagesse, R$ 1,2 milhão.

A defesa de Miguel Gutierrez informa que não teve acesso aos autos das medidas cautelares deferidas nesta quinta-feira (27) e por isso não tem o que comentar. Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios.

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