Americanas: desembargador põe em xeque auditoria de ex-ministro do STJ
Paulo Wunder, do TJRJ, afirma que serviço para o qual Jorge Mussi foi nomeado já estaria abarcado em atividades de administradores judiciais
atualizado
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O desembargador Paulo Wunder, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), colocou em xeque a nomeação do ex-ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para atuar como auditor das contas da Lojas Americanas, que está em recuperação judicial.
Mussi foi nomeado para a função pelo juiz Paulo Assed Estefan, responsável por julgar o processo referente às dívidas de R$ 40 bilhões da Americanas com credores. O ex-ministro tem largo histórico como criminalista, mas pouca experiência em Direito Privado. Ele foi nomeado para atuar no caso apenas dois dias após sua aposentadoria do STJ, em janeiro.
Segundo o desembargador, outra decisão judicial referente ao caso Americanas pacificou que os valores pagos aos administradores judiciais não comportam contratações “extraordinárias de profissionais ou empresas especializadas”.
Wunder diz que o entendimento desta decisão “comprometeria a necessidade de nomeação” de Mussi e de uma empresa de perícia contábil para a “realização de atividades incluídas nos serviços já prestados pelos administradores judiciais”.
Como mostrou o Metrópoles nesta sexta-feira (18/8), o desembargador reduziu em 73% a remuneração dos administradores judiciais Sérgio Zveiter e Bruno Rezende, nomeados também por Stefan. Ele questiona a falta de informações para justificar eventuais “custos de serviços”.
Os honorários arbitrados pelo juiz do caso chegam a R$ 96 milhões. Se a decisão de Wunder for mantida, eles receberão R$ 26 milhões, ou seja, quase R$ 70 milhões a menos do que esperavam. O caso depende de julgamento colegiado do TJRJ.
Procurado pelo Metrópoles, o ex-ministro Jorge Mussi afirmou apenas que aceitou a nomeação feita pelo juiz Paulo Assed, para auditar a maior recuperação judicial do país, “convencido de prestar um grande serviço ao Poder Judiciario”.