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Americanas: alvos de prisão, ex-CEO e ex-diretora estão fora do país

Ex-executivos Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos Saicali estão fora do país e são considerados procurados por investigadores

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Ex-executivos das Americanas, Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos - metropoles
1 de 1 Ex-executivos das Americanas, Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos - metropoles - Foto: Reprodução EBC

Alvos de mandados de prisão autorizados pela Justiça Federal do Rio de Janeiro, o ex-CEO da Lojas Americanas Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali (ambos na foto de destaque) estão fora do país e são considerados foragidos. Ambos são alvo da Operação Disclosure, que mira supostos crimes contra o mercado financeiro cometidos por ex-executivos da empresa.

Ambos são apontados como ex-integrantes do alto escalão da rede varejista que sabiam das fraudes e ainda venderam quantias milionárias em ações antes que elas fossem reveladas ao mercado financeiro. Tanto Gutierrez quando Anna Christina foram incluídos na lista de Difusão Vermelha da Interpol pelo Núcleo de Cooperação Internacional da PF.

Eles lideram a lista dos diretores que fizeram as maiores movimentações atípicas com ações. Gutierrez vendeu R$ 158 milhões em meio à crise ainda não revelada ao mercado. Já Anna Saicali se desfez de R$ 57 milhões em ações.

O auge das vendas foi no segundo semestre de 2022, antes de estourar a crise que levou à recuperação judicial da rede, que acumula R$ 40 milhões em dívidas.

Cartas à Justiça e à CPI

Gutierrez ficou conhecido por enviar cartas à Justiça e à CPI da Americanas no Congresso Nacional nas quais afirmava que os acionistas Jorge Paulo Lemann, Alberto Sicupira e Marcel Telles tinham conhecimento sobre a crise da Americanas. Dizia, ainda, que ele (Gutierrez) se tornou “um conveniente bode expiatório para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”.

À época, ele já afirmava estar na Espanha e dizia se sentir ameaçado. Segundo investigadores, ele tinha conhecimento da falsidade nos balanços da empresa, que deram azo a lançamentos de bônus milionários de executivos, como também usou essas informações para se blindar de prejuízos no mercado financeiro.

Uso de informação privilegiada

Os mandados estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro. Os crimes pelos quais os ex-executivos são investigados são manipulação de mercado e uso de informação privilegiada.

Segundo a decisão judicial que autorizou a operação policial, a PF atribui aos investigados “manobras fraudulentas” destinadas a alterar “os resultados reais da empresa, com o objetivo de receber vantagens indevidas com o pagamento de bônus por metas atingidas, e elevar de forma ilícita a cotação das ações das Americanas, pois, assim, gerariam ganhos financeiros não justificados, visto que alguns dos investigados tinham participação acionária nas empresas”.

Segundo investigadores, as manobras “causaram grande prejuízo para os demais acionistas, principalmente aos minoritários, que, em razão da falsa saúde financeira das empresas, operavam transações acionárias com preços inflacionados”.

Delações premiadas

As investigações foram abastecidas pelas delações premiadas dos ex-diretores Marcelo da Silva Nunes e Flávia Pereira Carneiro Mota.

Eles contaram, em delação, que as fraudes se iniciavam com o preparo, pela equipe de Relações com Investidores, de um arquivo chamado “verdes e vermelhos”, que fazia parte de um “kit de fechamento trimestral”.

Nele, constava a expectativa de crescimento por parte de analistas de mercado. Segundo as delações, quando elas não eram atingidas, a diretoria mudava os resultados “para não frustrar as expectativas de mercado”.

Cópias desses arquivos “Verdes e Vermelhos” foram obtidas pela Polícia Federal. Eles mostram o comparativo entre os números prévios e as expectativas de mercado. Há, ainda, conversas e e-mails entre executivos da rede varejista que mostram ordens internas para incrementar números reais para que ficassem próximos do esperado pelo mercado.

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