Ameaçado no cargo, Josué leva Alckmin e Temer para reunião da Fiesp
Geraldo Alckmin é o convidado de honra da primeira reunião de diretoria da Fiesp em 2023; Michel Temer também participa do encontro
atualizado
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Em uma tentativa de demonstrar força política em meio a uma crise interna que ameaça sua permanência no cargo, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, recebe nesta segunda-feira (16/1), na sede da entidade, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
O ministro é o convidado de honra da primeira reunião de diretoria da Fiesp em 2023. Além dele, o ex-presidente Michel Temer também participa do encontro.
Inicialmente, o evento seria fechado à imprensa, mas, de última hora, a presença dos jornalistas foi liberada na reunião, que teve início por volta das 11h40. Os repórteres puderam acompanhar o encontro por meio de dois telões em uma das salas do prédio da Fiesp, no 15º andar.
A presença de Alckmin na Fiesp nesta segunda não é um fato fortuito. Josué fez questão de convidar o vice-presidente para participar da reunião com a cúpula da entidade para demonstrar força em um momento de forte turbulência política na federação.
Na tarde desta segunda, haverá uma assembleia extraordinária na Fiesp pedida por sindicatos patronais que fazem oposição a Josué. Alguns grupos pretendem destituí-lo da presidência.
A assembleia desta tarde será realizada a portas fechadas “e não tem hora para terminar”, segundo uma fonte ouvida pelo Metrópoles. Apesar da oposição de pequenos sindicatos patronais, a reportagem apurou que Josué conseguiu ampliar seu arco de apoio nos últimos meses.
Ao contrário dos sindicatos menores, entidades de grande porte do setor industrial são contrárias à destituição do presidente da Fiesp, por entenderem que a saída de Josué do comando neste momento aumentaria a crise interna, em vez de amenizá-la.
A eventual destituição de Josué também passaria uma imagem muito ruim da instituição, em um momento no qual a Fiesp inicia conversas com o novo governo sobre propostas para alavancar o desempenho da indústria brasileira – que vem “andando de lado” e não deslancha, como mostrou reportagem publicada pelo Metrópoles no início de janeiro.
A crise na Fiesp
A realização da assembleia se tornou uma batalha interna na Fiesp. A ideia inicial dos representantes de 86 dos 106 sindicatos com poder de voto na federação era a de convocar uma assembleia para o dia 12 de dezembro, mas não houve tempo hábil para viabilizar o encontro.
A crise política na Fiesp teve início em outubro do ano passado, quando membros de sindicatos (eram 78, na época) apresentaram um pedido de convocação de assembleia para tentar destituir Josué do cargo. Em reunião da diretoria no início de novembro, o presidente da Fiesp rechaçou a ofensiva, alegando que não havia elementos que justificassem a reunião.
O documento apresentado pelos sindicatos pedindo a assembleia enumerava 12 itens com justificativas para a convocação da assembleia. Entre os motivos apresentados, estavam contestações sobre nomeações de assessores de Josué, além de críticas pela divulgação da carta “em defesa da democracia” durante a campanha eleitoral.
As declarações de Josué durante a campanha eleitoral de 2022, simpáticas à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, desagradaram a Paulo Skaf, ex-presidente da entidade (de 2004 a 2021) e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão da Fiesp de divulgar uma carta “em defesa da democracia”, em agosto, foi considerada um erro por atrelar a instituição à candidatura do petista. O documento teve apoio de apenas 14% dos sindicatos industriais.
Caso Josué Gomes seja destituído do cargo, o estatuto da Fiesp determina que assuma o primeiro vice-presidente. Atualmente, esse posto é ocupado por Rafael Cervone, que também preside o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Nesse caso, caberá ao conselheiro mais antigo, Elias Miguel Haddad, convocar uma assembleia que definirá quem será o novo presidente da federação. Além de Cervone, Dan Ioschpe, 2º vice-presidente, e Marcelo Campos Ometto, o 3º, também estão na linha sucessória.