metropoles.com

Acordo sobre dívida dos EUA pode desacelerar economia no mundo

Governo dos EUA aceitou restringir gastos até 2025. Freio maior na economia americana pode gerar efeitos no Brasil

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Megan Jelinger/Anadolu Agency via Getty Images
Presidente Joe Biden
1 de 1 Presidente Joe Biden - Foto: Megan Jelinger/Anadolu Agency via Getty Images

O acordo nos Estados Unidos (EUA) sobre a dívida do país, embora caminhe para encerrar o imbróglio que agitava os mercados há semanas, pode aumentar os efeitos de desaceleração na economia.

A principal preocupação entre economistas diz respeito às restrições de gastos do governo, firmadas entre o governo Joe Biden e o Congresso no fim de semana. O texto está em conversas finais e deve ser votado a qualquer momento.

O governo atingiu em janeiro o teto da dívida do país, de mais de US$ 31 trilhões (mais de 120% do PIB), e precisava de um acordo que autorizasse gastos acima desse limite.

Assim, foi acordada uma suspensão dos limites da dívida até 2025. Em contrapartida, o governo se comprometeu a manter o gasto público estável nos próximos dois anos e aumentá-lo em apenas 1% em 2025.

A projeção da gestora Kínitro Capital é que o acordo, nesses termos, gere impulso fiscal negativo da ordem de -0,4% do PIB americano em 2024.

“Ou seja, o impulso fiscal trabalhará para um crescimento menor do PIB ao longo do próximo ano. Esse fator impactará negativamente o crescimento em 2024”, diz Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro.

Em abril, a estimativa do Fundo Monetário Internacional para a economia americana era de crescimento de 1,6% em 2023 e de 1,1% em 2024. O resultado representaria uma desaceleração frente aos 2,1% de 2022, mas ainda não uma recessão, isto é, uma queda do PIB.

No entanto, a preocupação ocorre porque, nos últimos trimestres, os gastos do governo tiveram efeito importante no crescimento dos Estados Unidos, o que tende a ser reduzido a partir de agora.

Como agravante, há o fato de que os riscos de recessão já estavam no radar diante do aperto monetário promovido pelo banco central americano, o Fed.

Para conter a inflação recorde em 2022, o Fed promoveu dez altas consecutivas na taxa de juros. O patamar atual (com juros entre 5% e 5,25%) é o maior desde agosto de 2007. O desafio do banco central do país será garantir o chamado “pouso suave”, uma desinflação via alta de juros, mas sem levar o país à recessão.

Risco global

Apesar das dúvidas sobre o efeito no crescimento, o acordo para a dívida americana era muito aguardado nos últimos dias. Sem isso, o governo poderia chegar a junho com o chamado shutdown — sem dinheiro para continuar operando.

A incerteza fez as bolsas em Nova York caírem por vários dias na semana passada e colocou a nota de crédito dos EUA sob “observação” pela agência de risco Fitch. O cenário levou a quedas também na bolsa brasileira.

O último shutdown havia sido em 2019, no governo Donald Trump, e durou 35 dias. As confusōes políticas em torno da dívida americana costumam acontecer sobretudo quando o Congresso é controlado pela oposição ao presidente, o que aumenta a demora nas negociações.

“O problema nos Estados Unidos não é o tamanho da dívida, porque há confiança na capacidade pagadora”, diz Adriano Cantreva, sócio da Portofino Multi Family Office e responsável pelo escritório da gestora em Nova York. “Mas chegar a uma solução ajuda a reduzir o risco globalmente.”

Para o Brasil, redução do risco é positiva, mas recessão preocupa

O acordo, assim, é benéfico para moedas de países emergentes, como o Brasil. Com o risco global elevado por um shutdown americano, moedas como o real poderiam ficar enfraquecidas.

Por outro lado, os efeitos recessivos tendem a causar impacto negativo na economia global, afetando também a atividade econômica brasileira.

“A restrição de gastos no governo americano tem impacto recessivo, e pode ser que o crescimento mundial se reduza um pouco por causa disso”, diz a coordenadora de conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Julia Braga.

“E temos ainda os impactos do aumento da taxa de juros do Fed, que não terminou o ciclo de aperto. Há expectativa de que terminará em breve, mas ainda é incerto. Isso tudo torna o cenário internacional mais desafiador.”

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?