Por que as ações do Magalu estão despencando na Bolsa
Papéis da empresa registraram a maior queda do pregão de segunda-feira (15/4), com queda de 7,83%. No ano, acumulam recuo superior a 28%
atualizado
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As ações do Magazine Luiza, o Magalu, lideraram as perdas do Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), nessa segunda-feira (15/4), com queda de 7,83% no pregão, e já desabaram 28,36% no acumulado deste ano.
Às 14 horas desta terça-feira (16/4), os papéis do Magalu até registravam uma pequena elevação, cotados a R$ 1,53, mas longe de esboçar uma recuperação. Apenas em abril, o recuo das ações é de 14,44%.
Analistas do mercado avaliam que a queda as ações do Magalu está mais relacionada aos problemas vividos pelo mercado em geral – e que atingem o varejo em particular – do que a deficiências estruturais da companhia.
No último trimestre de 2023, o Magalu registrou um lucro líquido ajustado de R$ 101,5 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 15,2 milhões anotado no mesmo trimestre em 2022. Agora, as expectativas dos investidores estão voltadas para o balanço do primeiro trimestre deste ano, que deve ser divulgado em 9 de maio.
Macroeconomia
Lucas Lima, analista da VG Research, considera que o comportamento das ações do Magazine Luiza está relacionado, majoritariamente, a questões macroeconômicas.
“Um primeiro ponto está ligado à mudança das expectativas do mercado sobre a queda de juros nos Estados Unidos, que deve demorar mais do que o esperado”, diz. “Isso afeta os ativos de riscos, como as ações, no mundo como todo. E empresas como o Magalu, que possuem um fluxo de caixa ‘muito no futuro’, são afetadas de maneira mais intensa.”
Lima observa que o aumento do risco fiscal no Brasil, cujo temor cresceu com a o fim do superávit que estava previsto em 2025, faz ainda com que os juros de longo prazo subam e isso afeta o varejo como um todo. Além disso, a empresa sofre com uma estrutura de capital apertada e a concorrência forte no setor.”
Juros futuros
José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, também considera que a principal causa da queda das ações é a elevação dos juros futuros, à medida que o cenário econômico global ganha em complexidade. “Isso impacta o varejo porque, quanto maior a taxa, menor o consumo”, afirma. “Além disso, temos o custo da dívida, o que afeta diretamente o Magalu.”
Nesse caso, anota Daronco, com os juros mantidos num patamar elevado, além das restrições ao consumo, as despesas financeiras da companhia seguem elevadas por mais tempo. “E o mercado esperava que houvesse uma queda dos juros e ela poderia beneficiar empresas como o Magalu”, diz o analista. “Permanecer pagando juros mais altos por mais tempo acaba corroendo parte dos resultados da companhia.”
Previsão de “resultados mistos”
Lucas Lima, da VG Research, observa que, para o primeiro trimestre de 2024, a previsão é de “resultados mistos”. “Gostamos da estratégia atual da empresa em focar na rentabilidade e na geração de caixa para tornar o negócio mais sustentável”, afirma. “Os últimos dados já mostraram uma tendência positiva de recuperação das margens.”
Em contrapartida, destaca o analista, o segmento de “bens duráveis (como geladeiras e fogões, por exemplo) possui uma forte correlação com a taxa de juros e, apesar do início do ciclo de redução da Selic, ela segue elevada”. “E esse cenário deve seguir impactando negativamente o crescimento da receita”, conclui Lima.