Ações da Petrobras caem após confirmação de Prates na presidência
Por volta das 12h30, pouco depois da aprovação pelo Conselho de Administração da empresa, as ações ordinárias da Petrobras recuavam 2,5%
atualizado
Compartilhar notícia
A confirmação do nome de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras, embora já esperada pelo mercado, resultou na queda das ações da companhia negociadas na Bolsa de Valores.
Por volta das 12h30, pouco depois de Praes ter tido o nome aprovado pelo Conselho de Administração da empresa, as ações ordinárias da Petrobras recuavam 2,5%, negociadas a R$ 29,68.
As ações preferenciais da companhia caíam 2,26%, a R$ 26,35.
Inicialmente, Prates foi eleito, por unanimidade, para integrar o Conselho de Administração da Petrobras. Em seguida, sua indicação para a presidência da Petrobras foi confirmada.
O petista terá de esperar apenas a confirmação de sua indicação ao cargo pela Assembleia Geral Ordinária, já convocada para abril, na qual será efetivado. Por enquanto, formalmente, ele exerce o posto de forma interina.
Por que Prates preocupa o mercado
Alinhado às teses de Lula e do PT em relação aos combustíveis, Prates é um crítico da política de preços adotada pela Petrobras, que está vinculada à flutuação do valor praticado no mercado internacional. Segundo o ex-senador, os preços dos combustíveis devem ser tratados como “uma questão de governo e não apenas de uma empresa de mercado”.
“A Petrobras se ajustará às diretrizes que o governo, como acionista majoritário, determinará”, afirmou o novo presidente da companhia. “Quem define política de preço de qualquer coisa no país, se vai intervir ou não, se vai ser livre ou não, se vai ser internacional ou não, é o governo. O que está errado e a gente tem que desfazer de uma vez por todas é dizer que a Petrobras define política de preços de combustível. Não vai ser assim. Vai seguir a política do governo? Claro.”
As declarações de Prates corroboram o que o próprio Lula defendeu durante a campanha, quando disse, ao ser questionado sobre a política de preços da Petrobras, que não poderia “enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa”. Uma eventual mudança aflige o mercado, que teme a interferência da gestão federal nos preços. Isso afetaria a credibilidade do governo e da própria empresa, despertando memórias do período de forte desvalorização da Petrobras, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), quando a petrolífera foi alvo de uma política intervencionista e se viu abalada por causa dos escândalos de corrupção investigados pela Lava Jato.
A paridade internacional para os preços dos combustíveis passou a ser adotada em 2016, no governo de Michel Temer (MDB), que sucedeu Dilma após o impeachment da petista. Até então, quem definia os preços era o governo. Para conter a inflação, a Petrobras era obrigada a vender gasolina e diesel a preços abaixo do mercado.
No comando da Petrobras, Jean Paul Prates também apresentará a Lula um programa de expansão do refino nacional. Segundo o relatório elaborado pelo grupo de óleo e gás do governo de transição, a iniciativa ficaria a cargo do Ministério de Minas e Energia e da Petrobras, mas contaria com participação do Ministério da Indústria e Comércio (de Geraldo Alckmin) e do BNDES (que será presidido por Aloizio Mercadante, outro nome que causa calafrios no mercado).
De acordo com o relatório do grupo, o objetivo é “atender aos principais mercados deficitários do país em termos de derivados de petróleo”. O foco deve ser a região Nordeste, que tem pouca capacidade de refino e transporte de combustíveis – e também é a região onde fica a atual base política de Prates, o Rio Grande do Norte. Especialistas no setor acreditam que a aposta em refino é um erro estratégico.