Ações brasileiras no exterior recuperam queda motivada por golpistas
Papeis de empresas nacionais negociados em Nova York sofrem pequeno abalo, mas, para analistas, retomada do Estado de Direito afastou crise
atualizado
Compartilhar notícia
A ações brasileiras negociadas no exterior começaram esta segunda (9/1) em queda provocada pela repercussão fora do país dos atos golpistas ocorridos neste domingo (8/1), em Brasília. O principal fundo de índice (ETF) de papeis nacionais em Nova York, o EWZ, operava negativo em 1,17% na abertura do mercado. Às 17 horas, porém, apresentava alta de 0,2%.
O mesmo ocorreu com as ações da Petrobras na bolsa nova-iorquina, chamadas de recibos de ações (ADRs). Elas caíram 1,36% pela manhã, mas, à tarde, registravam ligeira elevação de 0,15%.
Na avaliação de Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a instabilidade política contribuiu para piorar a reputação do Brasil perante o mundo. No entanto, pondera o técnico, ela ainda não interfere na “capacidade de geração de recursos por parte das empresas da Bolsa”. “Assim, o abalo registrado nas ações brasileiras foi tímido”, diz. “Mesmo porque estamos vendo a união dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a reafirmação do Estado de Direito no país.”
Para Arbetman, entretanto, a situação nacional poderia ser melhor não fossem os percalços na política. “A maioria dos mercados emergentes está sofrendo, como a China, com a Covid-19, a Rússia, com a guerra, e a Turquia e a Argentina, com crises mais severas do que a nossa”, ressalta. “Se contássemos com maior estabilidade política, teríamos condições de atrair mais investimentos.”
Vinícius Steniski, analista de ações do TC Matrix, considera que a contenção do quebra-quebra e dos atos golpistas em geral foi fundamental para interromper uma sangria das ações brasileiras no exterior. “Poderíamos ter novas oscilações negativas se as manifestações continuassem hoje”, diz. “Mas tudo indica que o mercado as enxergou como algo que não trará mais problemas no curto prazo.”
Para ele, o bom humor das bolsas americanas também contribuiu para a recuperação das ações brasileiras no exterior. Nos EUA, observa o analisa, dados positivos sobre empregos, por exemplo, divulgados na sexta-feira (6/1), aumentaram o otimismo dos investidores. A Nasdaq, a bolsa americana que concentra ações de companhias de tecnologia, por exemplo, subia 1,46% na tarde desta segunda-feira (9/1).