Acionistas oficializam oferta de aporte de até R$ 12 bi na Americanas
A Americanas confirmou que há uma proposta de injeção de R$ 10 bi pelos sócios Lemann, Sicupira e Telles; outros R$ 2 bi podem ser aportados
atualizado
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Em fato relevante divulgado ao mercado na manhã desta segunda-feira (3/4), a Americanas divulgou o conteúdo principal da proposta que está, oficialmente, na mesa dos credores. A empresa confirmou que os acionistas de referência, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, podem aportar R$ 10 bilhões no negócio.
A novidade foi a oferta de mais R$ 2 bilhões, em forma de aumento de capital adicional, sob determinadas condições.
No total, portanto, o trio de bilionários pode colocar R$ 12 bilhões na Americanas para sustentar o negócio. A cifra inclui o R$ 1 bilhão que já foi injetado pelos acionistas em fevereiro, quando foi feito um empréstimo-ponte. A nova proposta se aproxima do que os bancos, principais credores da varejista, estavam exigindo para aceitar renegociar parte das dívidas.
“Os dois aumentos de capital adicionais (de R$ 1 bilhão cada) poderão ser acionados caso a Companhia (a Americanas) esteja, nas datas futuras a serem acordadas, acima de determinados limites máximos de alavancagem (endividamento) ou abaixo de um nível mínimo de liquidez”, diz a empresa, no comunicado.
Na prática, os sócios estão se comprometendo a colocar mais recursos na empresa, caso o plano de redução das dívidas, que somam R$ 42 bilhões, não reduza a alavancagem de forma suficiente ou se o caixa da empresa secar. Os “gatilhos” que acionariam esse aporte adicional de R$ 2 bilhões ainda serão definidos nas conversas.
De qualquer maneira, a divulgação da oferta é um sinal de que a negociação com os bancos pode estar na reta final. Desde que a Americanas tornou público o rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço, o trio de acionistas e a empresa de reestruturação Rothschild tentam convencer os credores a renegociar as dívidas e salvar o negócio.
As conversas foram truncadas e tiveram temperatura muito elevada em razão da possibilidade de o problema ter surgido em uma fraude contábil maquinada dentro da própria Americanas. A primeira oferta, de um aporte de R$ 6 bilhões pelos acionistas, foi imediatamente rechaçada pelos bancos, que queriam algo entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões.
Ainda não se sabe se os bancos aceitarão a oferta que está na mesa e não há uma data oficial para nova reunião entre a Americanas e os credores.