Ação de empresa de presidente da Fiesp dispara após acordo com a Shein
Coteminas, do empresário Josué Gomes, será fornecedora da Shein no Brasil; Josué esteve em reunião com Haddad e executivos da varejista
atualizado
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As ações da Coteminas abriram a segunda-feira (24/4) em alta de 60%, após o anúncio de um acordo do grupo para o fornecimento de roupas e outros produtos têxteis para a Shein.
O acordo prevê que 2 mil confeccionistas ligados à companhia brasileira serão fornecedores da marca asiática para atender aos mercados doméstico e da América Latina. A parceria inclui ainda o financiamento para capital de trabalho e contratos de exportação de produtos para o lar.
A Coteminas é uma das maiores indústrias têxteis do país e é controladora da Springs Global, empresa que fará a intermediação entre os fornecedores e a Shein. As ações da Springs Global também operam em alta de quase 50% na manhã de hoje.
O grupo pertence ao empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na quinta-feira (20/4), Silva havia participado de uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes da empresa chinesa. No encontro, a Shein comprometeu-se a nacionalizar 85% de suas vendas em quatro anos.
Segundo Haddad, o presidente da Fiesp intermediou o contato com a marca. Na sequência, a firma chinesa informou que fará investimentos de cerca de R$ 750 milhões no setor têxtil brasileiro. Eles teriam o potencial de criar até 100 mil empregos indiretos em três anos. Pelos números divulgados inicialmente, a Coteminas terá exclusividade no fornecimento para a Shein.
Planos da Shein no Brasil
A Shein tem experimentado um crescimento estelar no Brasil. No ano passado, estima-se que a empresa asiática faturou R$ 8 bilhões no mercado local, o que a coloca na posição de terceira maior varejista de moda, pouco atrás da Riachuelo e da Lojas Renner. A expectativa do mercado era que a empresa dobraria o faturamento em 2023, alcançando a liderança local.
De acordo com o plano divulgado hoje, a Shein asiática não terá um modelo de produção centralizado no país. Os 2 mil fornecedores locais contratados deverão fabricar as peças da empresa que, hoje, vêm principalmente da China. O investimento de R$ 750 milhões servirá para capacitar os fornecedores para o modelo de negócio da Shein. O número de empregos gerados nessa rede de fornecedores está estimado em 100 mil.
Esse modelo já é adotado por empresas locais de moda, como a Renner. A própria Riachuelo, que historicamente concentrou a maior parte de produção nas fábricas da Guararapes, também está migrando para o modelo de rede de fornecedores.
A expectativa da Shein é que até o final de 2026 cerca de 85% das vendas locais sejam de peças nacionais.
Outra novidade é a reprodução do modelo de marketplace no Brasil. A Shein lançou, no ano passado, a possibilidade de habilitação de vendedores locais para a plataforma. O programa, que era piloto, agora fará parte dos planos da varejista no país.
Atualmente, a Shein tem cerca de 100 funcionários atuando em um escritório em São Paulo. O plano é dobrar o número de posições e, para tanto, a varejista está alugando um escritório fixo na região da Faria Lima, no centro financeiro da capital paulista.
“Ao abrirmos nosso primeiro escritório na América Latina, escolhemos o Brasil para ser o coração dessa iniciativa e reforçamos o nosso compromisso com aquilo que acreditamos: o Brasil será um dos líderes globais de moda acessível e de qualidade”, escreveram os executivos da Shein, em carta ao ministro Fernando Haddad.