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Abaixo do esperado, produção industrial avança 0,4% em agosto

Em relação a agosto de 2022, a alta da produção industrial brasileira foi de 0,5%, segundo o IBGE. No acumulado do ano, recuo é de 0,3%

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1 de 1 imagem colorida metalúrgico trabalha em montadora de veículos - Metrópoles - Foto: Pedro Vilela/Getty Images

produção industrial no Brasil registrou alta de 0,4% em agosto deste ano, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (3/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em julho, a produção industrial havia recuado 0,6%. Em relação a agosto de 2022, o crescimento foi de 0,5%, segundo o IBGE.

Com esses resultados, a indústria brasileira ainda acumula quedas de 0,3% no ano e de 0,1% no acumulado de 12 meses. A média móvel trimestral teve recuo de 0,1%.

O índice mensal veio pior do que as expectativas dos analistas. O consenso Refinitiv, que reúne as principais projeções do mercado, estimava alta de 0,5% em agosto. Na comparação anual, a projeção era um crescimento de 1%.

Desempenho por segmentos

De acordo com os dados do IBGE, três das quatro grandes categorias econômicas e 18 dos 25 segmentos pesquisados tiveram alta na produção em agosto.

Entre as atividades, as taxas mais positivas foram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (18,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (5,2%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (16,6%).

Também registraram alta na produção produtos alimentícios (1%), produtos químicos (2,2%), máquinas e equipamentos (4,2%), produtos de borracha e de material plástico (2,9%), produtos de metal (1,9%), móveis (5,1%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (2,8%).

Em contrapartida, entre as seis atividades que recuaram em agosto, destaque para indústrias extrativas (-2,7%), produtos diversos (-8%), couro, artigos para viagem e calçados (-4,2%) e metalurgia (-1,1%).

Análise

Segundo André Macedo, analista da pesquisa do IBGE, o setor industrial continua operando em um cenário de “perde e ganha”, não mudando muito o seu patamar. “Note que, no acumulado dos últimos 12 meses, foram três meses de variação nula. E mesmo com o recuo atual, de 0,1%, ainda está próximo de zero”, explica.

De acordo com o Macedo, a política monetária mais restritiva, apesar da recente queda da taxa de juros, ainda afeta o setor. “Ainda temos um patamar elevado dos juros, o que afeta as decisões de consumo e também de investimentos”, afirma.

Avaliação semelhante é feita por Maykon Douglas, economista da Highpar. “A indústria vem oscilando em um perde e ganha nas últimas leituras, mas estabilizado em um patamar incômodo, bastando notar o acumulado quase nulo (-0,1%) em 12 meses e o nível abaixo do pré-pandêmico (-1,8%)”, afirma. “A queda dos juros pelo Banco Central deverá ser um alento, mas tem efeito defasado. Até lá, portanto, essa trajetória tímida tende a se manter.”

Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, projeta que a indústria termine 2023 com um recuo de 0,2% na produção.

“Entre as preocupações que colocam um viés baixista, estão, principalmente, a economia global em menor crescimento e a China enfrentando carência de demanda, o que não favorece nossas exportações, além de juros altos e alto comprometimento de renda das famílias, que são ruins para consumo de bens de maior valor agregado e dependentes de crédito”, diz Caruso. “Do outro lado, o governo tem promovido políticas de estímulos à atividade econômica, que podem incentivar a indústria.”

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