À espera do Copom, dólar fecha em queda, mas ainda acima de R$ 6
A última reunião do Copom do ano começou na manhã desta terça (10) em meio a pressões sobre o cumprimento da meta da inflação de 2024
atualizado
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O dólar fechou em queda de 0,58%, cotado a R$ 6,04 nesta terça-feira (10/12). Após ter atingido mais um recorde nominal no dia anterior, cotada a R$ 6,08, a moeda americana cedeu um pouco motivada pela espera da decisão sobre a taxa de juros prevista para quarta (11). O mercado também repercutiu os novos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA mostrou um avanço de 0,39% nos preços do mês passado — o que representa um recuo de 0,17 ponto percentual em comparação a outubro (0,56%). Com isso, o Brasil tem inflação acumulada de 4,87% nos últimos 12 meses — 0,37 ponto percentual acima do teto da meta para 2024. No ano, o IPCA acumulado é de 4,29%.
A última reunião do Copom do ano começou na manhã desta terça (10) em meio a pressões sobre o cumprimento da meta da inflação de 2024. Segundo a estimativa dos mais de cem analistas do mercado financeiro presente no relatório Focus mais recente, publicado nessa segunda-feira (9/12), a taxa de juros subirá dos atuais 11,25% ao ano para 12% ao ano até o fim de 2024.
Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), um eventual novo aumento da taxa Selic seria uma demonstração de que o Banco Central ignora elementos importantes dos cenários econômicos nacional e internacional. Para a instituição, tornar a política monetária ainda mais contracionista é um erro, em um momento em que a política fiscal reduz de forma significativa o impulso fiscal sobre a atividade econômica.
Além da mudança na política fiscal, a CNI destaca que há outros elementos que não podem ser ignorados, como a desaceleração já em curso da economia brasileira e a tendência de redução de juros nas principais economias globais.
“O momento é totalmente inoportuno para o Banco Central subir a Selic. Seria uma medida excessiva em termos de controle da inflação e apenas traria restrições adicionais ao crescimento do país. A CNI avalia que a prioridade deve ser a implementação de uma agenda que viabilize a retomada dos cortes na taxa de juros. Sem esse esforço, atrativos do nosso mercado podem ser anulados, frustrando muitos projetos de investimentos, que ficarão apenas no papel”, avalia o presidente da CNI, Ricardo Alban
Ibovespa
O Ibovespa avança apoiado por ações domésticas. Investidores ainda aguardam a aprovação do pacote fiscal no Congresso, enquanto monitoram a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O volume financeiro projetado para o índice no dia é de R$ 14,4 bilhões. Por volta das 17h20, o índice subia 0,80%, aos 128.223 pontos.
Para Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, a alta do Ibovespa é impulsionada principalmente por fatores internos, com destaque para a desaceleração do IPCA de novembro na comparação com o mês anterior (0,39%, ante 0,56% em outubro). Segundo ele, o cenário trouxe alívio momentâneo para o mercado, refletido na queda dos juros futuros e do dólar.
“Embora as negociações fiscais sigam complicadas, acredito que a sinalização de avanços pontuais pode estar reduzindo parte do pessimismo. O andamento da sabatina dos indicados ao Banco Central também chamou a atenção. Durante a audiência, Newton Davi destacou a necessidade de medidas firmes para controlar a desencorajem das expectativas de inflação, algo que reforça a expectativa de uma postura mais rígida do Copom”, avalia Almeida.
As ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) e do e Assai (ASAI3) ganharam força com a desaceleração do IPCA para 0,39% em novembro, trazendo alívio nas expectativas de consumo e no poder de compra dos consumidores.
Entre as quedas, a JBS (JBSS3) enfrenta ajustes técnicos após altas recentes, com volatilidade cambial pesando nas exportações.
As ações da Vale (VALE3) também estão em queda. Apesar da alta no minério de ferro, a realização de lucros após recentes valorizações contribuiu para o desempenho negativo da Vale.