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Zoo de Kharkiv se prepara para matar leões, tigres e ursos. Entenda

O Feldman Ecopark mostrou como é a triste e perigosa a missão de resgatar animais de zoo destruído na guerra russa, e pede ajuda

atualizado

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Zoo Feldman Ecopark/Divulgação
Zoo Feldman Ecopark
1 de 1 Zoo Feldman Ecopark - Foto: Zoo Feldman Ecopark/Divulgação

“É inimaginavelmente doloroso falar sobre isso, mas a principal prioridade agora é a vida das pessoas.” A triste avaliação é do proprietário do zoológico Feldman Ecopark, Alexander Feldman, que planeja sacrificar vários predadores de grande porte, por receio de que eles fujam e ataquem a população. Kharkiv, uma das maiores cidades da Ucrânia, segue sob forte bombardeio da Rússia, em 40 dias de guerra.

São leões, tigres, onças e ursos que estão assustados com a intensidade de bombas e tiros das tropas militares de Vladimir Putin. Muitas jaulas estão danificadas por mais de cinco semanas de repetidos bombardeios na zona de guerra infernal. Para Alexander Feldman, é um “milagre” eles não terem escapado ainda.

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Animais de grande porte correm o risco de serem sacrificados para não fugirem de zoo em Kharkiv
Animais de grande porte correm o risco de serem sacrificados para não fugirem de zoo em Kharkiv
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Alexander Feldman com animais do zoo

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Alguns animais puderam ser resgatados do zoo Feldman

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Cangurus foram resgatados por voluntários

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Reprodução
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Dono do zoo, Alexander Feldman, falou com tristeza sobre a situação do zoo

Reprodução

Em um vídeo publicado na conta do zoo no Instagram, Feldman agradece a ajuda e fala da difícil missão de resgate. “Foi um dia difícil. Conseguimos avançar hoje, graças ao Vitaly Vitalyevich, graças às pessoas que viajaram com ele para salvar filhotes de leão, para salvar uma pantera, para salvar uma onça, para salvar alguns pássaros, para salvar um cervo pigmeu (Muntjac), infelizmente, apenas um, toda a sua família morreu. Um animal da Lista Vermelha (de espécies ameaçadas), que estava se reproduzindo todos os anos. Era a ‘cereja no topo do bolo’ nas coleções ucranianas”, contou o homem com voz embargada e os olhos cheios de lágrimas.

Resgatar o quanto for possível

Feldman contou que, em um cenário totalmente imprevisível, vai segue em contato com militares ucranianos para ver a possibilidade de remover quantos animais puderem. E ressalta que, apesar do horror da guerra, de Kiev, de Odesa e da Ucrânia Ocidental, vários carros vão até eles para entregar gaiolas, medicamentos sedativos e outros mantimentos. “Vamos lutar. 70% dos animais ainda estão no zoológico. Existem grandes espécimes: camelos, vacas tibetanas e assim por diante. Mas o foco principal agora será nos predadores.”

“Mais um bombardeio e os leões, tigres, ursos, perturbados e com medo, podem se libertar e ir para Kharkiv ou para aldeias próximas. Não podemos permitir isso. Não há solução para o problema hoje”, lamentou o ucraniano, que vem fazendo campanhas nas redes sociais para conseguir ajuda financeira e seguir com o salvamento.

Tigre no Zoo Feldman Ecopark
Animais de grande porte correm o risco de serem sacrificados para não fugirem de zoo em Kharkiv

Corrida contra o tempo

O Feldman Ecopark tem conseguido retirar animais de pequeno e médio porte, incluindo cangurus, veados e tartarugas. O desespero maior dos funcionários é tentar transferir os predadores de grande porte para a região de Poltava, para um antigo complexo de equitação. Alexander teme que isso não seja possível, porque uma operação como esta demanda grandes veículos, medicamentos e  principalmente, de segurança no percurso, o que é praticamente impossível na atual situação de Kharkiv.

“Se isso não acontecer, a única opção que nos resta é colocar os predadores para dormir”, disse. Feldman afirmou que, depois do bombardeio maciço por mísseis e aviões, o zoológico está praticamente destruído. “Os aviários foram destruídos. Toda a infraestrutura foi destruída. Talvez salvemos as pequenas panteras. Mas todos os outros animais provavelmente serão destruídos.”

Por sorte, assim que as primeiras informações sobre a difícil situação do zoo começaram a viralizar na internet, eles conseguiram um apoio inicial para começar a remover alguns animais. “Apesar de haver novamente bombardeamentos, quatro animais foram evacuados – dois leões, uma onça e uma pantera. A nossa situação difícil, que parecia quase sem esperança causou uma resposta incrível na Ucrânia e no estrangeiro! Um grande número de residentes de Kharkov, residentes de Kiev, residentes em Odessa, residentes de Dnipro, representantes de muitas outras cidades e países ofereceram a sua ajuda”, afirmou o zoo.

Missão perigosa

Um bombardeio em 17 de março matou dois orangotangos e chimpanzés. Dois dias depois, nove veados foram abatidos e mais de 20 fugiram para a floresta. Na semana passada, um vídeo mostrou cangurus sendo transportados para uma nova casa do Feldman Ecopark.

“Esses cangurus já estão seguros”, disse o zoológico. Isso é muito bom, porque seus recintos, infelizmente, foram repetidamente bombardeados. Acreditamos que agora eles vão ficar bem”, comemorou um dos motoristas responsáveis pela arriscada missão de transporte.

O zoo, um dos mais antigos da Ucrânia, que há pouco tempo era responsável pela proteção de mais de 300 espécies de animais, além de promover lazer e conscientização ambiental para a população ucraniana, agora é apenas mais um cenário de devastação provocado pela guerra.

Ao Feldman Ecopark restou apenas agradecer aos voluntários e funcionários que assumem riscos para salvar animais. “Bem como aos nossos muitos amigos,  pessoas atenciosas, empresas e organizações não-governamentais, que nos ajudam financeiramente e tornam nossas operações de resgate possíveis”, disse o zoo em comunicado.

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